Este é um Blog educacional, dedicado a discussões acadêmicas sobre a Ecologia Evolutiva. Contém chamadas específicas relacionadas às disciplinas de Ecologia da Universidade Federal de Ouro Preto, e textos didáticos gerais.
Domingo, 3 de Março de 2013
Convite a visitar meu outro blog, e a se engajar nas questõe políticas e ambientais de nosso país.

O blogo é http://sociobiolodia.blogs.sapo.pt/, mas queria convidá-lo em particular a ler o post, que reproduzo aqui:

 

http://sociobiolodia.blogs.sapo.pt/15898.html

 

 

Caros amigos biólogos, considerem participar. E participando, tentem lembrar do valor real e mais amplo de uma árvore  na cidade. Ela é um ecossistema em miniatura. Árvores isoladas em pastos chegam a ter 60% das espécies de invertebrados da floresta. Estes invertebrados são predadores e doenças de nossas doenças, de nossas pragas. A maioria absoluta dos invertebrados que habitam árvores é inofensiva para a espécie humana ou são nossos "colaboradores". Tentem lembrar que uma árvore morta e devidamente jardinada é outro habitat particularmente importante na cidade. O Lorenzo Zanetti, em seu mestrado há mais de 10 anos, mostrou que as regiões da zona sul de BH, com mais árvores velhas, mesmo sendo as mais intensamente urbanizadas, tinha mais espécies raras de abelhas do que as áreas de campo aberto da Pampulha. Se forem lá, tentem ensinar às pessoas e resistir aos pareceres agrícolas sobre estas árvores formidáveis.

 

Lembre às pessoas, finalmente, que as tão queridas aves e passarinhos que encantaram a infância de nossos pais, dependem delas. Avisem a todos que os pardais invadiram os bairros degradados, mas que onde há árvores grandes em abundância, ainda há sabiás, tico-ticos, bem-te-vis, almas de gato e até corujas, que por sinal, comem ratos!

 

Tentem convencer a quem for, que precisamos delas. Se forem mortas, precisamos delas mortas lá, jardinadas, cobertas de orquídeas, arbustos e degraus para serem construídas na paisagem como um elemento da sucessão natural da vida. Lembrem que ver beleza ao envelhecer é fundamental em uma região hospitalar. E que cenários arborizados e sombreados também o são!

 



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 11:17
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material de aula por email A TEMPO

Prezados alunos, quando lhes pedir algo até sexta feira, é até sexta feira as 17:00. Tenho o direito a me dedicar a outras ações e a nada, inclusive, no meu final de semana, ok?

 

Na prática, portanto, não recebi a planílha de ninguém a tempo e as análises vão atrasar.

 

Abraço

 

Sérvio



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 11:15
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Sábado, 15 de Dezembro de 2012
Mera observação

http://sociobiolodia.blogs.sapo.pt/15242.html

 



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:03
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Terça-feira, 27 de Novembro de 2012
leitura de contraposição: o que é espécie via o que precisamos saber da especiação!

Prezaods alunos de Eco pop, mas também Evolução:

 

O Carlos me sugeriu este texto abaixo como uma leitura complementar para o conceito de espécie, isto para populações. Sugiro que liam juntamente com o outro no segundinho, mas também que o pessoal da Evolução guarde para ler mais para frente. Vamos desenvolver algo sobre o tema, por isto levem a sério, please!! A leitura pode ser densa, mas vou dar a vocês o tempo necessário, desde que me mostrem dúvidas e que estão de fato lendo.

 

Quem não tiver o email do Carlos me pede no meu.

 

abraço

 

Sérvio

 

 

Feature Review
What do we need to know about
speciation?
The Marie Curie SPECIATION Network*

 

Trends in Ecology and Evolution January 2012, Vol. 27, No. 1: 27-39



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 21:32
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Segunda-feira, 15 de Outubro de 2012
Feliz dia dos professores

Falou-se tanto, mas faço meu relato. Não sinto que nasci para ser professor. Minha determinação desde novo sempre foi para ser biólogo, trabalhar pelas florestas é um sonho de infância velha. Nunca vi (e ainda tenho dificuldades em ver) a universidade como meta final, mas como caminho para este primeiro sonho. Lá sou o biólogo que quis ser, lá trabalho pelas e com as florestas, como sempre sonhado. Porém, neste processo, o que passa a ser vital, tanto ao entender o funcionamento de uma floresta ou ecossistema, ou ao se esforçar pela sua preservação, é divulgar o que se sabe.

 

Não tem prazer em saber sozinho, e nisto - do artigo para a sala de aula e, principalmente, para o laboratório - passei a ensinar quantos eu der conta a entrar numa floresta, subir suas árvores e extrair dela as mais preciosas informações. Ensino a me ajudarem a fazer da floresta um lugar importante e indispensável para a espécie humana. Ensino a aprenderem e então a ensinarem, para que um número muito maior de pessoas do que as que eu alcanço, saibam.

 

Escrevo por esta mesma causa, e ensino os meus tão queridos alunos a fazerem o mesmo. Há um código de descrição e análise das informações, que se tornou uma linguagem universal, maior que o inglês em si, que é usado neste código, para fazer o mundo inteiro falar de uma só ciência e assim vencer rápido o obscurantismo e os isolamentos regionais causados pela pobreza. Ensino então, aos meus alunos e quem quiser ouvir, que pela ciência superamos a miséria pessoal e coletiva. Ensino aos estudantes a aceitarem este código de repasse de informação e saberem usá-lo. E assim, tenho a esperança que o que eu aprender dentro de uma mata, no alto de suas árvores, seja conhecido na África, na Ásia ou em recantos distantes e tropicais de qualquer lado.

 

Ensino que não podemos ter barreiras culturais e devemos ir para o mundo, para um dia voltar e partir de novo, quem sabe para sentar uma sala de aula e um laboratório de pesquisa no Acre, em Roraima, no Amapá, ou onde mais no mundo que precise tanto de biólogos de qualidade como estes lugares precisam.

 

Aprendi a ser professor pois foi a melhor forma de ser biólogo. Contar uma boa estória sobre a vida neste planeta, mostrou-se o melhor caminho para mim. Ensinou-me, inclusive, que o professor não é uma profissão, mas é a melhor profissão de qualquer ofício. Ao ser professor ousa-se ser quem tem a mais poderosa arma para propagar um conhecimento, domínio ou saber, e só faz isto, quem acredita na alma que sem estes elementos, não seremos nem tão felizes nem tão prósperos quanto poderemos ser com eles, com o conhecer.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 23:21
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Sábado, 4 de Agosto de 2012
Para quem que notícias sobre a greve

Queridos alunos, o melhor que posso fazer é tentar explicar, esclarecer, compartilhar porque faço tanto pela pesquisa e educação, e acho isto tão mais importante do que acham a maioria das pessoas deste país, deste mundo esquisito, e certamente do governo atual.

 

http://sociobiolodia.blogs.sapo.pt/14227.html

 

Abraço e boa leitura (ou não, pois te quero crítico!)

 

Sérvio



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 02:26
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Segunda-feira, 30 de Abril de 2012
Preparando para a prova

queridos alunos,

 

Só lembrando da última prática sobre escrita científica, que é a maneira que deve lidar com as questões da prova desta semana:

1 – Um parágrafo responde qualquer pergunta. Por um parágrafo, entende-se uma sentença que abre o assunto a ser apresentado e encerra em si uma informação completa, e delineadora do raciocínio que você seguirá. Depois, 2-3 sentenças de desenvolvimento, e uma de conclusão

2 – 1 sentença, 1 informação. Não inflacione uma única sentença com diversas informações conectadas por vírgulas. No máximo dois conjuntos de informações se forem inevitavelmente complementares. O ideal, é picar as sentenças mas mantendo a lógica do item 1: “cada sentença deve conter tudo que ela tem a dizer, mas CONCISAMENTE.

3 – A sentença inicial é fundamental e já pode apresentar sua opinião/resposta (quando é do tipo “qual sua opinião”, ou “como agiria nesta situação”). Não faça suspense! Apresente imediatamente sua posição e desenvolva suas justificativas ao longo do parágrafo.

 

Boa sorte

Sérvio



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 14:20
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A mente do cientista e a arrogância do homem comum

 

Olás alunos. Vejam no link abaixo uma reflexão sobre o mundo para o qual se preparam a ingressar, e sobre o que eventualmente poderia representar certas opiniões que escutam nos cafés e corredores sobre seus professores. Acima de tudo, um texto sobre a dúvida!

 

abraços

 

Sérvio

 

http://sociobiolodia.blogs.sapo.pt/13215.html



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 14:19
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Domingo, 11 de Março de 2012
Resenha do livro " causa sagrada de Darwin", por José Costa Jr.

José é um aluno de doutorado em Filosofia que topou minha aula de Evolução. No segundo dia, me ofereceu gentilmente sua resenha sobre esta brilhante bibliografia contemporânea de Darwin, de Desmond & Moore. Obviamente, tornou a tarefa de ensinar e a dos colegas de aprender, mais desafiadora. Boa leitura!

 

As razões de Darwin

 

RESENHA - DESMOND, A. & MOORE, J. A causa sagrada de Darwin. Tradução de Dinah Azevedo. Rio de Janeiro: Record, 2009.

 

José Costa Júnior

Doutorando em Filosofia -
Programa de Pós-Graduação em Filosofia - FAFICH-UFMG

Tutor de Apoio Acadêmico - Filosofia - CEAD-UFOP

 

 

Os historiadores Adrian Desmond e James Moore buscam neste volume, amparados em uma ampla pesquisa documental, mostrar que uma causa humanista muito profunda levou Darwin a desenvolver uma das teorias científicas mais importantes da história. Os autores, que escreveram uma biografia de Darwin (DESMOND & MOORE, 2000), apresentam aqui a tese de que “a teoria da evolução humana não foi a última peça do quebra-cabeça de Darwin, mas sim a primeira”. O objetivo do livro é mostrar que o horror de Darwin à escravidão foi uma motivação de fundo para que o naturalista inglês concebesse a teoria da evolução das espécies através da seleção natural. Nesse sentido, essa motivação inicial deu-se em parte à intensa preocupação com a unidade da espécie humana e uma ampla noção de irmandade. A brutalidade da escravidão, que transformava os negros em outra espécie, uma “besta a ser algemada”, revoltava Darwin, e tal sentimento foi uma das bases para a pesquisa sobre a possibilidade de uma única origem para todas as formas de vida.

O livro é dividido em 13 capítulos, detalhados e contando com a presença ilustre de diversas personagens históricos inseridas no contexto da construção da teoria de Darwin: o avô Erasmus, o capitão Fitzroy, a esposa Emma, os companheiros Lyell e Hooker e o preconceituoso Agassiz. No Capítulo 1, O negro retinto, um amigo íntimo, é revelada a amizade de Darwin com um assistente negroem Cambridge. Trata-se de um pano de fundo para explicar como a escravidão exemplificava atrocidades absolutamente deprimentes. Darwin conheceu na viagem do Beagle (1831-1836) aquilo que foi a maior migração forçada de seres humanos ao longo da história e passou a combater a ideia de que os negros eram uma espécie diferente e inferior.

Já no Capítulo 2 (Crânios da raça dos imbecis) os autores procuram mostrar como a expansão europeia do séc. XIX levou ao contato com diversos povos, cuja aparente falta de sofisticação induziu o europeu a enaltecer cada vez mais sua própria história. Nesse contexto, surge a frenologia, uma pseudociência que defendia a possibilidade de definir características morais e intelectuais dos indivíduos a partir de medições cranianas. Para Darwin, tratava-se de “hipótese fantástica e absurda”.

No terceiro capítulo, Um único sangue em todas as nações, os autores apresentam o Espírito de Cambridge, onde Darwin começou sua vida acadêmica. A ciência era vista como complemento do cristianismo e todas as criaturas deveriam ser respeitadas como criaturas de Deus. O homem seria uma espécie “a parte”, com alma imortal e responsabilidade sobre sua conduta. Na década de 1830, com a chegada dos liberais no poder, tem início uma exigência de abolição da escravidão nas colônias inglesas, através do Abolition Act de 1833, que, no entanto, a garantia a abolição de crianças de até 6 anos de idade. Nesse contexto, Darwin parte para a sua grande viagem, na qual veria o sofrimento dos escravos na América, a maioria deles trabalhando para empresas inglesas.. É o que é nos apresentado no quarto capítulo, A vida nos países escravagistas.

Darwin não foi um fanático apologista da causa, tendo apenas aceitado sua “herança moral”. Sua família e comunidade próxima sempre foram abolicionistas. O contexto da viagem do Beagle era formado pelos privilégios comerciais da Inglaterra e por sua Marinha forte. O capitão do Beagle, Robert Fitzroy, extremamente conservador, aceitou o então jovem liberal Charles Darwin em seu barco. O contato com o pluralismo cultural levou o jovem Charles a pensar a unidade da humanidade e o significado disso para as relações entre os homens. A origem da aparente desigualdade entre os homens poderia ser simplesmente a adequação aos diferentes ambientes existentes no planeta. Darwin começou então a compreender o papel da relação entre o ambiente e as necessidades das espécies.

No quinto capítulo, A origem comum: do pai do homem ao pai de todos os mamíferos lemos que a imagem que Darwin tinha de uma natureza em transformação era extremamente peculiar. As raças humanas estavam unidas pelo sangue: muitos galhos de uma árvore que confluíam em um único ancestral. Nesse sentido, a pergunta mais importante, para além da ancestralidade comum, era: como surgem as diferenças na espécie humana? Uma origem ancestral era possível, pois somos semelhantes na dor, doença, morte, sofrimento e fome. Entretanto, havia uma arrogância cósmica dos humanos que separava os humanos “divinos” de criaturas bestiais. Para Darwin, os seres humanos não eram os seres absolutos nem a finalidade da natureza: “é um absurdo dizer que um animal é superior ao outro”. As espécies dividem-se através de adaptações, porém não houve tempo para a espécie Homo sapiens sapiens dividir-se em espécies. É interessante ressaltar que os resultados científicos que temos hoje para a negação da existência de raças são bem próximos da argumentação darwinista: muitos autores defendem que não houve tempo para que a espécie humana tenha originado raças (PENA & BIRCHAL 2005). Nesse debate, a luta anti-escravagista mudara sua atenção para o sul dos Estados Unidos, com o arrefecimento da escravidão nas colônias inglesas e os diversos conflitos na região, que motivaram uma guerra, chamaram a atenção de Darwin. Também durante essa época, Darwin começou a compreender as limitações da teoria da seleção natural para o âmbito das diferenças entre os humanos. Uma teoria complementar seria necessária para explicar adequadamente tais variações.

No Capítulo 6 (A hibridização dos seres humanos) os autores apresentam o contexto da crítica ao impacto da “civilização” em certas sociedades: onde quer que os europeus tenham chegado, foram arautos do extermínio das tribos nativas. As invasões europeias acabavam por forçar uma miscigenação nas tribos do interior na visão de Darwin. Nesse ponto, Darwin tem contato com a tese de Malthus acerca das limitações na produção e sente a necessidade de ter mais cuidado ao tratar das características da humanidade.

Já no sétimo capítulo, temos um relato da viagem de Lyell aos Estados Unidos, onde encontrou “homens mais preocupados com a santidade da propriedade do que com os direitos sagrados do homem”. Intitulado Essa questão mortalmente odiosa, mostra como Lyell não abriu seus olhos para o horror, como acontecera com Darwin no Brasil. Em 1840, Darwin fecha seus Notebooks, que continham informações relevantes sobre o processo evolutivo, entretanto, seu trabalho sobre a origem comum das espécies só seria publicado “sobre seu cadáver” e alguém competente deveria editar o ensaio e este editor seria justamente Lyell. Para Lyell, “uma lei superior que governa a criação das espécies pode ajudar a explicar as formas de distribuição da vida nas rochas, mesmo que essa lei possa continuar um mistério para sempre”. Assim, observando as diversas nuances raciais da América, Lyell entende que “se todos fossem membros da mesma espécie, haveria esperança”.

No capítulo 8, Animais domésticos e instituições domésticas, é apresentado o debate entre “Unitaristas” (defensores da origem comum das raças humanas) versus “Pluralistas” (defensores da origem em separado das raças humanas), que se define pelo embate entre a analogia e a flexibilidade das espécies domésticas e dos híbridos. Para Darwin, somente sua teoria evolutiva poderia resolver a controversa questão do hibridismo. A exuberância do tema das raças humanas, a anatomia, na fisiologia e a fertilidade inter-racial, apontavam que o negro e o branco eram membros da mesma espécie. Porém, uma resposta fatual mais ampla era necessária para confirmação da unidade humana.

No nono capítulo (Aí, que vergonha, Agassiz!), conhecemos o homem que foi responsável por fazer Darwin manifestar-se efetivamente a respeito da humanidade: Louis Agassiz, um dos mais respeitados naturalistas da América de então, tornou-se o maior rival de Darwin e era síntese de um homem da ciência: independência, objetividade e espiritualidade, com um pouco de democracia e autor “dos argumentos mais convincentes em favor da imutabilidade das espécies”. Agassiz tinha repugnância pelos negros, que segundo ele, “ameaçavam o futuro dos EUA”. Defendia que o local de origem de uma espécie era “determinado pela vontade do Criador”, e não pela dispersão e adaptação de um tronco originário comum. A origem comum humana seria uma evolução “condenável e ateia”.

No Capítulo 10 – A contaminação do sangue negro – os autores apontam que enquanto Darwin colocava suas ideias no papel, um conflito começava nos EUA: o embate entre republicanos do norte anti-escravagistas e democratas sulistas pró-escravidão. Uma defesa viável da unidade humana, a alternativa às criações múltiplas de Agassiz, estava começando a aproximar-se da “origem comum” evolutiva de Darwin. A crença de Darwin na transmutação era muito forte, mas, como transformar insights antigos numa teoria sólida sobre as origens raciais? Talvez a resposta estivesse na diferença entre os sexos humanos. A seleção sexual poderia explicar porque a pele humana era mais útil nos climas tropicais.

Essa possibilidade é explorada no Capítulo 11, A ciência secreta separa-se de sua causa sagrada. Com a chegada de um manuscrito de Wallace em 1858, Darwin temia que “sua originalidade fosse esmagada”. Hooker e Lyell garantiram a primazia dos escritos de Darwin (1854 e 1857), com a concordância de Wallace. Enquanto forma de explicar a criação, A Origem das Espécies “insultaria o Gênesis” de qualquer maneira e falar sobre raças humanas poderia comprometer ainda mais a aceitação da seleção sexual. Provar que as raças tinham uma origem comum era provar que senhor e escravo tinham uma origem comum e tal conclusão acabaria finalmente com essa atrocidade. Assim, as diferenças raciais entre os descendentes eram em parte naturais em parte artificiais em relação aos animais domésticos. Mas, em última instância, todos derivavam de uma única espécie muita antiga. Darwin resolvera um problema que polarizara a ciência. No entanto, sua resolução alimentava forte antagonismo social: “o mundo teria muita dificuldade para engolir a seleção natural” e suas consequências para a humanidade.

O Capítulo 12 – Os canibais e a confederação de Londres – apresenta a Sociedade Antropológica de Londres, fundada em 1863 durante a Guerra Civil nos EUA, onde não havia lugar para ideias de que o negro é “um irmão”. Entretanto, a Sociedade Antropológica era o único órgão de Londres que tolerava debates sobre darwinismo. Nesse contexto, Darwin enfrentava a perspectiva desagradável de publicar ele mesmo sua teoria da seleção sexual, como explicação das variações das raças, oriundas de um tronco comum.

No último capítulo, intitulado A origem das raças, os autores mostram como em 1866, Darwin reuniu coragem para discutir as origens raciais humanas, explicando como a competição entre os machos e as escolhas das fêmeas produziram as raças humanas a partir de uma espécie ancestral e como homens e mulheres escolhiam traços desejáveis em seus pares. O fundamento de A origem do homem sempre foi a seleção sexual, justificada pela evidência do espectro zoológico. Darwin nunca capitularia nessa questão fundamental, de tão essencial que era para a crença de uma vida inteira na “fraternidade humana”. Darwin encerra o livro propondo que: “Finalmente, quando os princípios da evolução forem os centros pela maioria, a controvérsia entre monogenistas e poligenistas vai ter uma morte silenciosa da qual ninguém vai se dar conta” (DARWIN, 1974). Talvez ele não imaginasse que não era apenas essa controvérsia que morreria.

Uma observação importante em relação ao livro é como ele exemplifica a relação entre ciência e moralidade. Este debate é bastante atual e remete às disputas entre filósofos e sociobiólogos: qual é a relevância da compreensão de nossa constituição biológica para o âmbito da moral? As ciências se ocupam do que é: os fatos constituem a referência empírica das teorias científicas. Já a moral está ligada a um trabalho de reflexão sobre hábitos, costumes e ações. Assim, a última analisa as origens e os fundamentos dos costumes que regem e articulam fatos, normas e valores e não se deve confundir-se com o domínio das proposições científicas, conforme Hume já nos alertou (HUME, 2001). Entretanto, apesar do conhecimento científico não fundamentar valores, é capaz de esclarecer erros e preconceitos, desempenhando um papel libertador no exercício das escolhas morais, ao contrário das teorias que buscam a partir de fatos, fundamentar valores, como algumas linhas da sociobiologia e o darwinismo social. A ciência pode trazer elementos que contribuam para a reflexão e ampliar o campo no qual possamos exercer nossa liberdade. É o que fez Darwin, segundo os autores de A causa sagrada de Darwin, mostrando como um cientista pode afastar certas práticas morais deturpadas e mudar para sempre o lugar do homem na natureza.

 

Referências

DESMOND, A.; MOORE, J. Darwin. A vida de um evolucionista atormentado. Trad. Cynthia Azeevedo. São Paulo: Geração Editorial, 2000.

PENA, S.; BIRCHAL, T. “A inexistência biológica versus a existência social de raças humanas: pode a ciência instruir o etos social?”. In: Revista USP, Vol. 68: São Paulo, dez.-fev. 2005-2006, p. 10-21.

DARWIN, C. A origem do homem e a seleção sexual. Trad. de Atílio Cancian e Eduardo Nunes Fonseca. São Paulo: Hemus Livraria Editora, 1974.

HUME, David. Tratado da natureza humana. Trad. de Serafim da Silva Fontes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

 



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 00:31
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Quinta-feira, 8 de Março de 2012
Leitura para 14 de março Evolução

Alunos,

 

O artigo do topo de minha pasta no segundinho, chama-se Darwiniana, e foi escrito pelo Huxley. Esta é a leitura inicial.

 

Abraço

 

sérvio



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 22:50
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Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011
A euqação da Co-existência tensa

Para aplicarmos Ecologia de Populações ao nosso futuro.

 

 

Veja post em

 

http://sociobiolodia.blogs.sapo.pt/11352.html



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 01:55
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Terça-feira, 6 de Dezembro de 2011
Avaliação Final de Ecologia de Populações - Bach 2011

Última avaliação de Ecologia de Populações Bach 2011

 

1 – Levantar um artigo em revista indexada, cujo tópico de pesquisa seja “life table”. Salvar o artigo completo para envio junto com a prova.

2 – Desenvolver resumo (2 páginas) do mesmo com detalhamento da metodologia, listando 2-3 aspectos que você não compreendeu (a qualidade de sua dúvida e pergunta será avaliada)

3 – descrever sucintamente (1 página) o modelo matemático que fundamenta a teoria do seu trabalho (p.exe., se é dado de predador-presa, modelo de predador-presa de Lotka-Volterra, se é crescimento uniespecífico com capacidade suporte, modelo de crescimento logístico etc)

4 – Formular uma hipótese sobre uma espécie brasileira e metodologia para testá-la, na direção do trabalho que leu e apresentou.

A PROVA DEVE SER ENVIADA POR EMAIL ATÉ DIA 13/12 PELA MANHA, E TAMBÉM ENTREGUE IMPRESSA PARA A PROFA. CINTHIA, DE 9:30: AS 10:00 NA MINHA SALA. A PROF. CINTHIA ESTÁ ORIENTADA A NÃO RECEBER NENHUMA PROVA FORA DESTE INTERVALO.

Plágio de escrita será investigado e devidamente punido.

Exame Especial - 19 de dezembro, horário da aula



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 10:18
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Para a prova final de Evolução bach/2011

O que é espécie? Uma análise provocativa!

O capítulo introdutório do livro do Levin (2000 – The origin, expansion and demise of plant species) deixa claro que o que aceitamos como espécie é na verdade um apanhado de propriedades emergentes que atribuímos a um grupo de populações que comungam destas propriedades em seus detalhes. Assim, desde as características morfo-comportamentais, que são a expressão fenotípica dos caracteres selecionados, até a relação de troca gênica panmítica e universal entre grupos/linhagens, fundamentam a definição geral do que seria uma espécie. Observe, nada disto existe em "um indivíduo", mas é uma propriedade emergente por ser um produto comum que nos permite eleger uma identidade! Entretanto, para bem além da reprodução panmítica com descendentes férteis, temos aspectos controversos nos limites de quem é quem, em especial nos trópicos, onde espécies co-genéricas, variedades, sub-spécies e ecotipos são amplamente confundíveis. Ao aprofundarmos os estudos sobre qualquer espécie de ampla distribuição biogeográfica, descobrimos variações constantes, que se seguidas ao longo de gradientes ambientais (aumento de altitude, aumento de umidade, aumento de nutrientes, etc) correspondem aos clines. Estes são séries contínuas de populações com ligeiras diferenças direcionais, frutos de ajustes finos às pressões seletivas gradualmente diferentes. Já vimos que os clines são a matéria prima para um tipo de especiação, que é a especiação parapátrica.

Toda a dúvida fica porém, na percepção do que será o limite da distribuição de uma espécie. Afinal, se a espécie muda em ambientes distintos, o que será então o limite que marca o surgimento de uma nova espécie, via especiação, no tempo? Todas estas análises passam por estes conceitos às vezes frágeis, e pela dúvida de até onde uma espécie pode ir sem perder a premissa de não isolamento e fluxo gênico. Este ainda é um ponto frágil da Moderna Síntese. Embora o neo-darwinismo lide maravilhosamente bem com a sobrevivência do mais apto, e com a origem de uma espécie via a mutação de uma outra ancestral, a Teoria não apresenta todos teoremas para esclarecer este ponto de mudança, esta virada e quebra entre um “ente” para outro “ente” biológico, identificável.

               É nesta interface que surge a Macroecologia, ou a análise evolutiva de grupos. Basicamente, o conceito de espécies (a despeito das dúvidas de como aplicá-lo para toda a vida) surge da percepção de agrupamentos legítimos que acomodam a diversidade da vida. Em outras palavras, a diversidade não ocorre como um continuum, mas em agrupamentos discretos onde organismos se assemelham em diferentes graus. Não há meio anfíbios-meio peixes. Se ocorre a evolução de um uma série co-ocorrentes de caracteres que distinguem um conjunto de espécies, estas se acomodam em um agrupamento reconhecível, uma unidade filogenética decorrente de um ancestral comum. Toda radiação adaptativa ou mera especiação que carregue estes caracteres reconhecíveis resulta em novas espécies para este “grupo” ou, mais tecnicamente, taxon elevado (gênero, tribo, família ou mesmo ordem)!

               Na escala da separação de espécies, o fundamental é a aplicação dos critérios mínimos para reconhecer uma, os quais marcam a história temporal da origem daquela espécie:

- Separação – caracteres mesmo que fracamente perceptíveis, definem uma nova linhagem que se distancia das formas ancestrais (mesmo antes de qualquer isolamento reprodutivo);

- Coesão – há uma coesão comportamental/fenotípica relacionada ao compartilhamento genético de características e ecológico, relacionado à ocupação de habitats comuns e co-existência.

- Monofilia – um único ancestral comum

- Distinção – vai da espécie ser separada o bastante para ser “diagnostificável”, a formarem agrupamentos fenéticos e, finalmente, agrupamentos genéticos.

 

Fonte - Stearns, S.C. & Hoekstra, R.F. 2005. Evolution, an introduction. Oxford Press.

 

Assim, responda:

1)      O que são as principais propriedades emergentes que delimitam uma espécie (assuma uma definição que te pareça mais adequada e responda)?

2)      Como podemos definir em que ponto que uma espécie mudou tanto que não poderia mais ser considerada a mesma espécie que a ancestral? Em que escala te parece mais difícil determinar este limiar? Na espacial, ou na temporal? Explique.

3)      Se uma espécie não gerar uma outra espécie além dela (portanto, com a co-existência da espécie ancestral e a espécie derivada), mas simplesmente desaparecer deixando uma descendente, o raciocínio muda de que maneira?

4)      Descreva da maneira que achar melhor uma hipótese evolutiva-filogenética sobre como o surgimento de algum caracter em especial (em animais,  plantas ou microorganismos) pode levar a todo um novo agrupamento taxonômico, e faça suas considerações/críticas sobre o entendimento de tais fenômenos macroevolutivos à luz dos “critérios de surgimentos de novas espécies”.

 

São questões difíceis, não desespere, mas tente forçar seu raciocínio e leitura ao máximo para respondê-las.

OBS - mudei de idéia quanto às perguntas de vocês, não terão que respond~e-las. Façam estas quatro perguntas minhas, e farei a correção das perguntas para cada grupo.

 

A PROVA DEVE SER ENVIADA POR EMAIL ATÉ DIA 12/12 PELA MANHA, E TAMBÉM ENTREGUE IMPRESSA PARA A PROFA. CINTHIA, DE 13:30 AS 14:00 NA MINHA SALA. A PROF. CINTHIA ESTÁ ORIENTADA A NÃO RECEBER NENHUMA PROVA FORA DESTE INTERVALO.

Plágio de escrita será investigado e devidamente punido.

Exame Especial - 19 de dezembro, horário da aula

 

 

 



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 01:54
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Domingo, 4 de Dezembro de 2011
Belo Monte para cientistas

Vej em: http://sociobiolodia.blogs.sapo.pt/10876.html



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 00:27
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Sexta-feira, 2 de Dezembro de 2011
Seminários - Evolução da homosexualidade

Evolução da Homossexualidade

Bruna Gonçalves Matos, Felipe Donateli Gatti,

Gabriela de Oliveira Faria e Leonardo Rodrigues dos Santos

 

O comportamento homossexual é tema de acaloradas discussões na sociedade e no meio acadêmico. Cientistas buscam compreender os determinantes do homossexualismo e investigam se este é determinado comportamentalmente ou pela genética. Para os evolucionistas, mais do que polêmica essa questão é um desafio, pois à primeira vista o comportamento homossexual parece violar uma "lei" básica da natureza: a da procriação e, sendo assim, como esse padrão se mantém apesar de não propiciar a reprodução (Sommer e Vasey, 2006)?

A ideia de que os organismos existem para reproduzir-se e perpetuar a espécie faz parte do pensamento científico e da teoria da evolução. Em uma visão estritamente Darwiniana, os organismos buscam maximizar o sucesso reprodutivo, aumentando o número de descendentes viáveis para que sua própria informação genética seja transmitida às gerações futuras (Sommer e Vasey, 2006).

O comportamento homossexual é muito comum entre os animas, tendo sido observado em todas as espécies animais em que a sexualidade foi investigada ou observada (Menezes e Brito, 2006 apud Gadpaille, 1980). Bruce Bagemihl em seu livro Biologial Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity (1999) sobre comportamento homossexual de animais, fornece evidências de que centenas de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, insetos, aranhas e outros invertebrados envolvem-se em atividade sexual com indivíduos do mesmo sexo. Pesquisas anteriores classificavam o comportamento homossexual nos animais como manifestação patológica ou como consequência da vida em cativeiro e pouco provável de ser observado na natureza. No entanto, estudos mais detalhados de animais em seus ambientes naturais tornou cada vez mais difícil afirmar que todas as interações sexuais entre os membros do mesmo sexo são exceções, idiossincrasias, ou patologias (Sommer e Vasey, 2006).

Claramente, o que já foi pensado para ser uma aberração parece ser um padrão de comportamento que é amplamente, embora de forma desigual, distribuídos em todo o reino animal. De fato, dentro de um seleto número de espécies, a atividade homossexual é generalizada e ocorre em níveis que se aproximam ou às vezes até mesmo ultrapassam a atividade heterossexual.

Não há um único motivo relacionado à prática homossexual, sendo esta associada a vários fatores. Entre as funções para a relação homossexual entre os animais estão a criação de filhotes, o reforço da hierarquia, por engano, o estreitamento dos laços entre indivíduos do bando visando a sobrevivência – proteção, etc. As fêmeas de albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis) da ilha de Oahu (Havaí), por exemplo, unem-se em casais que podem durar a vida inteira, especialmente quando há escassez de machos na ilha. Estudos mostram que até um terço dos casais dessa espécie são formados por fêmeas e que essa união proporciona maior sucesso na criação da prole do que das fêmeas que vivem sozinhas.

Os cisnes-negros (Cygnus atratus) são animais monogâmicos e cerca de 25% dos casais são compostos por machos que ficam juntos por anos. Eles unem-se a uma fêmea, formando um trio temporário no intuito de obter os ovos. Assim que a fêmea põe os ovos, os machos a expulsam do ninho e cuidam deles juntos. Há alguns casos em que os casais de machos dessa espécie roubam os ninhos de casais heterossexuais, adotando seus ovos. Os cientistas especulam que os “filhos” de casais homossexuais tem maior chance de sobreviver, pois quando dois machos somam forças, conseguem defender melhor seu território em relação aos casais compostos por macho e fêmea.

Os bonobos (Pan paniscus) tanto machos como fêmeas apresentam comportamento homossexual. Esses primatas são muito ativos sexualmente e usam o sexo para resolver conflitos, pedir desculpas e para obtenção de prazer. Aproximadamente 60% da atividade sexual dessa espécie ocorre entre duas ou mais fêmeas, que atingem o orgasmo com extrema facilidade.

O besouro (Tribolium castaneum) apresenta um comportamento muito interessante. A princípio o comportamento homossexual do macho era visto apenas como uma maneira de eliminar seu esperma velho para que o novo pudesse ser reposto, porém com uma análise aprofundada desse comportamento foi possível observar que esse esperma depositado no aparelho reprodutor do macho ainda ficaria viável por algum tempo, e esse esperma poderia fecundar de forma indireta uma fêmea que viesse a acasalar como o macho que contivesse o esperma do outro.

O paradoxo darwinista é quebrado mediante esses estudos e aos vários exemplos observados na natureza. A homossexualidade entre os animais não interfere negativamente sobre as espécies, uma vez que estes não deixam de gerar descendentes. Além disso, a prática sexual entre indivíduos do mesmo sexo podem ser benéficas na manutenção das espécies, pois estreita os laços entre os indivíduos o que leva ao aumento da proteção do grupo e das chances de sucesso da prole.

Entre os seres humanos, no entanto, a prática homossexual muitas vezes é exclusiva, ou seja, os indivíduos relacionam-se apenas com outros do mesmo sexo. Apesar disso, os pesquisadores que estudam a homossexualidade humana tomam o cuidado de não assumir que os homossexuais nunca se reproduzem, mas que diminuem, em média, sua aptidão direta.

Na tentativa de explicar o paradoxo darwinista quanto à homossexualidade humana, Wilson (1975) sugeriu um possível papel dos homossexuais como ajudantes em suas famílias no sentido de aumentar a aptidão de seus parentes. Para eles, se indivíduos homossexuais ajudam seus familiares na criação de seus filhos, parte de seus genes são transmitidos por parentesco e, assim, equilibra a redução de sua aptidão direta. Entretanto, estudos feitos por Muscarella (2000) e Bobrow e Bailey (2001) mostram que homens homossexuais não atuam como auxiliares e não dão mais recursos financeiros ou emocionais para seus irmãos do que homens heterossexuais. Um estudo feito por Blanchard (1997) mostra um resultado de possível compensação. Seu estudo demonstrou que fêmeas nas linhagens maternas de homossexuais são significativamente mais fecundas comparadas às parentes maternas de heterossexuais. Não houve diferenças significativas, entretanto, entre parentes paternos de homo e heterossexuais (Camperio-Ciani, 2004 apud Blachard, 1997, Bobrow e Bailey, 2001, Muscarella, 2000, Wilson, 1975).

Existem atualmente, duas linhas associadas à homossexualidade masculina que apontam para fatores genéticos. A primeira linha vem de estudos da familiaridade da homossexualidade. Bailey e Zucker (1995) estudando a família de irmãos gêmeos, afirmam que o homossexualismo é mais comum em indivíduos que possuem irmãos homossexuais (Camperio-Ciani, 2004 apud Bailey e Zucker, 1995) (Ver artigo q fala 80%). Hamer e colaboradores mostraram uma elevada taxa de homossexualidade na linhagem materna de homossexuais. Esse dado levou à sugestão de que existem fatores genéticos (X-linked) favoráveis à homossexualidade masculina. Análises do DNA feitas em irmãos homossexuais mostraram um fator “candidato” localizado no gene X-q28, uma região distal do braço curto do cromossomo X (Camperio-Ciani, 2004 apud Hamer et al., 1993; Hamer e Copeland, 1995).

A segunda linha vem de estudos de diferenciação sexual do cérebro durante a vida fetal. O estudo constatou que, nos homens, a orientação homossexual se correlaciona com a ordem de nascimento tardio e um número elevado de irmãos mais velhos (Camperio-Ciani, 2004 apud Blanchard e Klassen, 1996; Blanchard, 1997). A hipótese de que a ordem tardia de nascimento e a razão entre irmãos refletem a progressiva imunização de algumas mães ao antígeno H-Y, apresentado pelo feto do sexo masculino. De acordo com a hipótese, após um número de gestações com fetos do sexo masculino, aumentando o efeito da reação de imunidade materna, haveria redução na diferenciação sexual do cérebro em fetos masculinos seguintes. Blanchard et al. (1997) sugerem que cada irmão mais velho adicional aumenta as chances de homossexualidade masculina no próximo feto em cerca de 35% (Camperio-Ciani, 2004 apud Blanchard, 1997).

Outra hipótese é dada por Werner (1999) que defende que heterossexuais e homossexuais exclusivos são homozigóticos opostos (tipo AA e aa). Essa heterozigose acarretaria maior suscetibilidade à influência ambiental sobre a sexualidade, podendo gerar o desenvolvimento tanto de padrões hetero quanto homo ou bissexuais. Como evidência de sua hipótese, ele compara diferentes formas de expressão da homossexualidade com a cultura em que o indivíduo está inserido, contudo, não há evidências genéticas que a sustem (Menezes e Brito, 2007 apud Werner, 1999).

Através de análise do comportamento sexual de diversas espécies, LeVay (1996) e Judson (2003) defendem que o padrão sexual predominante entre os animais seria a bissexualidade, o que indicaria que a prática sexual não está associada apenas à função reprodutiva (Menezes e Brito, 2007 apud LeVay, 1996 e Judson, 2003). Se o sexo possuir outras funções que não a reprodução, como o prazer, o organismo pode ter evoluído no sentido de ser suscetível a uma ampla variedade de estimulações sexuais – das quais o comportamento homossexual seria apenas uma consequência. Deste modo, nenhum padrão precisa ser, em si, evolutivamente vantajoso para ser selecionado: basta estar associado a um padrão que o seja (Menezes e Brito, 2007 apud Futuyma & Risch, 1984; Morris, 1968; Seaborg, 1984; entre outros).

O homossexualismo é um comportamento extremamente complexo e exige cautela e seriedade em seus estudos. A demonstração do comportamento homossexual em vários animais indica sua naturalidade. Esse comportamento deve ser investigado cientificamente sem restrições ou censuras, como uma manifestação comportamental e, dessa forma conhecer mais profundamente as características que nos tornam humanos. Compreender os papéis dos diversos tipos de relacionamentos entre indivíduos do mesmo sexo e a adaptação ecológica e evolutiva das populações onde esse fenômeno ocorre pode enriquecer o conhecimento de como a seleção natural molda as interações sociais, a reprodução e até mesmo a morfologia das espécies.

 

Referências:

 

CAMPERIO-CIANI, A.; CORNA, F.; CAPILUPPI, C. Evidence for maternally inherited factors favouring male homosexuality and promoting female fecundity. The Royal Society, 2004.

FORASTIERI, V. Orientações sexuais, evolução e genética. Candombá. Revista Virtual, v. 2, n.1, p. 50-60, jan./jun. 2006.

MENEZES, A. B. C.; BRITO, R. C. S. Reflexão sobre a homossexualidade como subproduto da evolução do prazer. Psicologia em estudo. Maringá, n. 1, v. 12, p.133-139, jan./abr. 2007.

SOMMER, V.; VASEY, P. L. Homosexual behavior in animals: an evolutionary perspective. Cambridge University Press, 2006.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 10:49
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Seminários - Evolução Humana

Evolução humana

Gabriela Marangon

Iuri Silveira Martins

Mariana Micaela

Thais Rosada

 

A evolução humana é de interesse praticamente universal. Esse tema é o ponto central dos ataques criacionistas à evolução, enquanto que para outros é o tema que pode oferecer pistas ao mistério que cerca o “modelo perfeito dos animais” e a compreensão das possibilidades e limitações da “natureza humana”. Mas nós devemos ter consciência  de que ao mesmo tempo em que a biologia evolutiva tem muito a ver com a condição humana, esta também é parte da antropologia e sociologia, da psicologia e da história, e da filosofia, religião, artes. Os seres humanos são complexos demais para serem compreendidos somente pela perspectiva da biologia ou de qualquer outra área isolada do conhecimento (Futuyama et al. 2002).

A espécie humana apresenta uma posição filogenética dentro da Ordem Primata. Nesta, está a Superfamília Hominoidae, que incluem grandes macacos e homens. Os homens modernos, da Família Hominidae diferem das outras espécies de Hominoidae na estrutura da coluna vertebral, pé associado com o bipedalismo, polegar opositor bem desenvolvido, cérebro aumentado.

Humanos e chimpanzés (Família Pongidae) têm sequências idênticas de aminoácidos em várias proteínas; o DNA humano difere somente 1,1% dos pares de bases do genoma dos chimpanzés.

Wilson e Sarich (1969), estudando a distância imunológica do soro do chimpanzé e de humanos, concluiu que essas espécies divergiram há 4 ou 5 milhões de anos.

Os estudos para demonstrar o parentesco entre os Hominoidea incluem sequências de aminoácidos e outras proteínas e sequências nucleotídicas. A partir dessas análises, não consegue se distinguir o parentesco entre o chimpanzé ( Pan), gorila e homem, devido as relações tão próximas desses. Um teste de parcimônia de dados obtidos com enzima de restrição levou Templeton (1983) que o gênero Homo divergiu antes que os gêneros Pan e Gorilla divergissem um do outro. Já Nei e Tijama (1985), criticaram Templeton e concluiram, a partir dos mesmos dados, que Homo e Pan estão mais relacionados.

Durante a evolução dos hominídeos ocorreram algumas classes principais de mudanças, que começaram a ser observadas nos ancestrais primatas:

  • Mudanças nas mãos: o polegar completamente oposto é restrito aos grandes macacos (orangotangos, gorilas, chimpanzés) e humanos.  O dedo polegar humano é mais longo do que no chimpanzé ou gorila. Além disso, é posicionado ligeiramente mais longe dos outros quatro dedos, o que lhe permite opor-se a eles, bem como ter maior rotação.
    Nosso dedo polegar pode ser girado contra os dedos, o que permite pegar objetos de diferentes tamanhos com a mesma eficiência e manipulá-los com maior destreza. Essa alteração anatômica possibilitou uma ampla variedade de funções que os humanos têm e os macacos não.
    O polegar opositor nos dá tanto força para agarrar, quanto precisão para desenvolver movimentos sutis. As atividades executadas pelas mãos humanas são bastante diversificadas e possibilitaram não somente a utilização de ferramentas como a lança e o machado, mas também linha e agulha.
  • Mudanças nos pés: o dedo que nos macacos é oponível, foi sendo perdido na evolução humana à medida que os pés foram evoluindo para o bipedalismo. Caracterizados por possuírem dedão grande e capaz de agarrar galhos, os pés das espécies de macacos atuais são adaptados essencialmente à vida nas árvores. Os pés dos humanos, por sua vez, são adaptados à locomoção bípede e o seu dedão serve como uma plataforma flexível para caminhar e correr.
  • Aumento do cérebro: Os chimpanzés atuais têm cérebros com 350 a 400 cm³, e provavelmente nossos ancestrais tinham cérebros de tamanhos semelhantes. Os cérebros dos humanos têm cerca de 1350cm³.
  • Mudanças nas mandíbulas e dentes: durante a evolução humana, as mandíbulas retraíram-se para trás para a face. Já as mandíbulas dos chimpanzés e nossos ancestrais projetam-se para frente de suas faces. Os nossos dentes também se tornaram menores, especialmente os caninos. Dentes humanos são geralmente menores e menos especializados que os dos macacos.e a perda de caninos distintivos nos Hominídeos às vezes é considerado como um sinal que formas menos competitivas e mais cooperativas de comportamento social emergiram há muito tempo.  Nossas mandíbulas são relativamente pequenas. Esta tendência na diminuição da robustez coincide no registro fóssil ao uso de fogo, e portanto a substituição de uma característica física decorrente da aquisição de técnicas culturais que acabaram por assumir algumas das funções biológicas básicas, como mastigar materiais duros para torna-los digestível.  
  • Bipedalismo: locomoção ereta sobre duas pernas. Essa adaptação se reflete também nas vértebras, no comprimento dos braços e na posição do crânio sobre a coluna cervical. Bipedalismo e postura ereta são duas características co-relacionadas que precederam o advento da espécie humana. Já se manifestavam em alguns de nossos ancestrais mais remotos. O fato de serem bípedes lhes permitiu sobreviver às mudanças climáticas que transformaram as florestas em savanas, há 5 milhões de anos.
    Com a nova postura, as mãos ficaram livres para realização de outras tarefas que levaram ao aparecimento de um modo distintamente humano de vida. Nele se pode destacar a produção de ferramentas, com que o homem e seus ancestrais adquiriram vantagens na adaptação ao meio natural. Publicada no periódico "Proceedings of the Natural Academy of Sciences", em 16 de julho de 2007, uma pesquisa dirigida pelo antropólogo Michael Sockol, da Universidade de Nova York, propõe a teoria de que o ser humano passou a andar em pé porque isso é menos custoso em termos energéticos.
    A conclusão do estudo afirma que o homem - por ser bípede - gasta 25% menos calorias para caminhar do que o chimpanzé, o qual anda com o auxílio dos braços, além das pernas. Talvez se possa considerar esse resultado uma evidência de que a preguiça é parte integrante da personalidade da espécie humana.
  • Mudanças no comportamento social e cultural: a situação cultural de uma sociedade pode ser observada por meio das ferramentas e outros objetos associados aos fósseis. A principal inovação da cultura humana é a linguagem, sendo difícil estudar sua origem.

Registros fósseis

Os fósseis mais antigos atualmente aceitos, de modo geral, como membros da linhagem dos hominídeos têm cerca de 4,4milhões de anos e são classificados em duas espécies, Australopithecus anamensis e A.afarensis (Ridley et al. 2006).

O A.afarensis é bem mais conhecidos pois apresenta o espécime mais completo, chamado de “Lucy”. Uma das características mais notáveis de Lucy foi possuir um joelho virado,além de ter sido encontrada junto vestígios fosseis de pegadas, que indicava que ela normalmente se movimentava por andar ereto. Sua cabeça femural era pequena e seu pescoço femural era curto, sendo ambas características primitivas. Os Australopithecus se aproximaram mais da forma humana quanto ao modo de locomoção do que mandíbulas e cérebros.

Por volta de 2,5 a 2 milhões de anos, na África, surgiram espécies de Paranthropus, que divergiram dos australopitecíneos, com mandíbulas, crânios e molares muito mais fortes e capazes de comer alimentos mais duros. Extinguiram-se sem deixar descendentes.

A primeira espécie Homo é o Homo habilis, que surgiu há aproximadamente 2,5milhões de anos na África. Possui um cérebro maior que melhorou a eficiência nas caçadas, tanto pelo desenvolvimento de ferramentas, quanto pela melhoria na capacidade de comunicação. Seu dimorfismo sexual era semelhante ao dos humanos atuais, sendo os machos cerca de 1,20 vez maiores do que as fêmeas, em média.

O Homo erectus foi o primeiro hominídeo que saiu da África, há cerca de 1,5 milhão de anos. Foram encontrados fósseis no leste da Ásia e sul da Europa. Tinha aproximadamente 1,70 metros de altura e pesava cerca de 60kg.  Possuía cérebro do tamanho da metade do nosso, tendo domínio do fogo.

Os paleontropólogos se referem aos seres humanos atualmente existentes- Homo sapiens- como “humanos anatomicamente modernos” (Ridley, et al. 2006). Entre as principais características está o aumento do tamanho da caixa craniana, além da diminuição da robustez do esqueleto e dentes. Quanto ao aspecto comportamental, houve o desenvolvimento de ferramentas mais apuradas, melhor eficiência nas coletas e procura de alimentos, organização social mais complexa e o desenvolvimento de idiomas.

Expansão do homem moderno

Atualmente é aceito que os primeiros hominídeos evoluíram da África. As questões difíceis, contudo, dizem respeito aos fenômenos que ocorreram durante o qual a evolução do homem moderno teve lugar.

De acordo com a hipótese Multirregional, com base nos registros fósseis, os ancestrais do homem moderno realizaram as primeiras migrações a partir da África, que duraram milhões de anos. Estas migrações permitiram a formação de diferentes populações de Homo erectus que evoluíram separadamente para as recentes raças humanas.

Já a segunda hipótese , a  de Origem Única,  diz que um pequeno grupo de humanos modernos teriam colonizado a Terra a partir de um único lugar. A evidência genética tende a favor dessa hipótese. A partir da análise de DNA mitocondrial de pessoas ao redor do mundo, mostrou evidência sobre um ancestral comum aos humanos atuais. Além disso, extraiu-se DNA de fósseis de Neandertal, observando que sua sequência era diferente das dos humanos atuais. Pela hipótese regional, esse DNA deveria caber na filogenia humana, mas na verdade isso não ocorre, sugerindo que do Neandertais não contribuíram geneticamente para populações atuais.

Evolução cultural

A evolução cultural consiste de mudanças no comportamento fundamentadas no aprendizado e não em alterações de freqüências gênicas. Ela pode ser tanto vertical (transmissão dos mais velhos para os mais jovens) como horizontal (por imitação de práticas entre irmãos e entre companheiros do mesmo grupo) (Futuyama, et al.2002).

As inovações culturas também sofrem processos seletivos, no sentido em que algumas práticas se tornem parte da cultura ou não, sendo fixadas devido à uma utilidade.

Segundo Futuyama (2002), a evolução cultural é larmarckiana: o comportamento, a língua e as peculiaridades de um individuo adquire durante a sua vida, são transmitidos para seus descendentes ou para outros indivíduos. Consequentemente, a mudança cultural pode ocorrer muito mais rapidamente do que a evolução biológica e mudanças súbitas podem ocorrer numa única geração.

Muitos autores têm especulado sobre quais as forças da seleção natural levaram às características marcantes dos humanos. Muitas características humanas, por exemplo, aparecem neotênicas (capacidade de retenção, na idade adulta, de características típicas da sua forma jovem ou larval). Neotenia pode ser conseqüência da lentidão do processo de maturação dos humanos. Tal demora, segundo Futuyama (2002), pode ser conseqüência da seleção para o grande aprendizado (inteligência), que é, nossa característica mais importante.

Com o aumento da capacidade para a cultura, os seres humanos foram moldando para si próprios um meio social cada vez mais complexo e variável. As pressões culturais foram responsáveis pela aquisição de novas características, como o aumento do pênis, sendo uma conseqüência da seleção sexual. Outra aquisição foi a receptividade sexual contínua da fêmea, talvez sendo uma adaptação para manter a união do casal. Entretanto, existem pouquíssimas evidencias de tais hipóteses, sendo difícil testa-las.

Algumas dúvidas surgem a respeito de como a inteligência evoluiu a um grau tão extraordinário. Segundo Futuyama (2002), a inteligência e selecionada positivamente (quanto mais freqüente essa característica, mais vantajosa ela é). Tem sido sugerido que a inteligência pode ter evoluído através das competições e agressões entre os hominídeos primitivos, que necessitavam de habilidades mentais cada vez maiores. Porém, não há evidências a respeito. Em outra hipótise, a inteligência pode ter evoluído em ambientes pacíficos, onde havia uma desvantagem em indivíduos menos inteligentes, seja na sua sobrevivência ou reprodução.  

Homo sapiens é uma espécie cosmopolita. Não existem barreiras biológicas de isolamento entre as populações humanas, embora os acasalamentos geralmente ocorram a partir das barreiras culturais criadas.

Os estudos de variação genética que a humanidade divergiu muito recentemente na historia. Existem diferenças muito pequenas entre as “raças”, além das morfológicas facilmente reconhecidas. E, não há razão para distinguir as “raças” em grau de habilidades mentais.

Nei e Roychoudhury construíram um fenograma que mostra o grau de similaridade entre as populações humanas. Considerando as freqüências gênicas, de uma maneira geral, a similaridade genética das populações está relacionada com a proximidade geográfica, que é esperado quando há fluxo gênico.

As condições culturais das sociedades humanas têm influenciado e continuam influenciando nossa evolução biológica. A partir daí, surgem questões, como: nosso comportamento pode ser limitado pelos genes?

Devido a nossa capacidade sem paralelo para a aprendizagem e para o pensamento e à história exclusiva da experiência pessoal de cada um, cada ser humano experimenta um ambiente diferente e a variação no nosso comportamento é, correspondentemente, diversa.

Nosso comportamento é geneticamente determinado no sentido comum, porém também é verdade que nosso comportamento é uma consequência do ambiente.

Argumentar que nosso comportamento, como uma espécie, é geneticamente determinado, significa simplesmente dizer que ele tem limites- que a norma de reação é tão limitada pelos nossos genes de tal forma que o quer que seja, se desenvolva independentemente das condições ambientais.

Conclusão

Evidências anatomicas, macromoleculares e cromossômicas indicam que os humanos são mais intimamente relacionados com os macacos do Velho Mundo, tendo divergido de um ancestral comum provavelmente há4-8 milhões de anos.

Os registros fósseis indicam que os hominídeos surgiram na África, que a evolução do bipedalismo precedeu as mudanças importantes nas mãos e no crânio e que a capacidade craniana aumentou uniformemente.

A variabilidade genética dentro e entre populações humanas é muito semelhante à de outras espécies com ampla distribuição geográfica.

É muito discutível se a biologia evolutiva é importante ou não para compreender o comportamento humano. Embora muitas características comportamentais humanas possam ser observadas em uma forma rudimentar em outros primatas, o fator dominante na evolução humana recente tem sido a evolução de enorme flexibilidade do comportamento e a capacidade de aprender e transmitir cultura.

Existem pouquíssimas evidências inequívocas de que grande parte da variação nas qualidades comportamentais humanas tenha uma base genética e nenhuma evidência de que as características comportamentais sejam limitadas geneticamente de modo significativo.

Referências:

  • Mark Ridley, Evolução, Blackwell, 3a edição (2003) 
  • Douglas J. Futuyma, Biologia Evolutiva, Sinauer Associates, 3a edição (1998)
  • <http://www.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev3.htm#fala> Acessado em 17 de novembro de 2011

 

 

 

 

 

 

 



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 10:45
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Terça-feira, 8 de Novembro de 2011
SemináriosEvolução Bach 2011 - A vida sintética – Um debate ético

A
vida sintética – Um debate ético

Ana Laura Dutra, Lucas Álvares, Mariana
Monteiro, Thiago Nepomuceno.

Universidade Federal de Ouro Preto

 

Algumas décadas após o
avanço das técnicas do DNA recombinante, que permitiu o desenvolvimento de
organismos transgênicos, cientistas propõe tecnologias mais poderosas, capazes
de sintetizar genomas inteiros. Trata-se de escrever à sua maneira um código
genético que será lido por um computador e a informação gerada será reproduzida
em reações químicas. O resultado é um novo DNA gerado artificialmente, que
formará um indivíduo que não tem pais.

Os experimentos são
conduzidos em empresas fundadas por pesquisadores anteriormente vinculados a
universidades e com o apoio financeiro do governo e corporações foram montados
laboratórios com equipamentos de última geração.  Os grupos de pesquisa envolvem especialistas
nos ramos da genética, microbiologia, biologia molecular e bioética. Um exemplo
é o J. Craig Venter Institute (JCVI), que desenvolve uma série de trabalhos
para o desenvolvimento da ciência genômica e em publicações mais recentes anunciou
a conclusão de uma pesquisa inovadora: a criação da primeira bactéria com
genoma sintético. A célula sintética é chamada Mycoplasma
mycoides
JCVI-syn1.0 e é a prova de de que genomas podem ser projetados
no computador, quimicamente feitos em laboratório e transplantadas para uma
célula receptora para produzir uma célula auto-replicante
nova controlada apenas pelo genoma sintético. Segundo os pesquisadores é uma tecnologia poderosa, que
pode ser comparada com a energia nuclear e poderá salvar o planeta. Essas
bactérias poderão formar novas indústrias e gerar energia limpa, ajudar a
recuperar ambientes contaminados, fornecer novos medicamentos, antivirais,
vacinas e até novos alimentos.

Foi um avanço significativo da engenharia genética e asism como todo avanço
tecnológico, repercurtiu em todo o mundo. O governo dos Estados Unidos, que
financiou a pesquisa, chegou a cogitar se era mais seguro mantê-la como segredo
militar ou divulgá-la para que a sociedade se posicione. Sob o mandado de Bush,
resolveram publicar. Alguns religiosos não se opuseram, mas se  preocuparam como a maneira como essa
tecnologia será usada. A revista Nature
questionou oito especialistas em biologia sintética sobre as implicações da
nova descoberta na ciência e sociedade. Dentre os entrevistados estão um geneticista,
um especialista em evolução molecular  e professores
de filosofia e humanidades, física, bioética, engenharia biomédica, engenharia
biomolecular e biotecnologia e bioengenharia. Trasncrevemos algumas:

 

“[...] Primeiro, nós temos agora uma oportunidade sem
precedentes
para
aprender sobre a vida. Ter o controle completo sobre
a informação em um genoma fornece uma oportunidade fantástica para
sondar os restantes segredos de como ele funciona. Segundo, mesmo as mais
simples formas de vida têm propriedades emergentes imprevisíveis. Estas
propriedades são freqüentemente úteis e queremos controlá-lass, mas sua
imprevisibilidade apresenta um enigma para a engenharia tradicional. Nós devemos
desenvolver e aperfeiçoar métodos de engenharia de emergência.Terceiro, esses
novos poderes criam novas responsabilidades. Ninguém pode ter certeza sobre as
conseqüências
 de fazer novas formas de
vida, e devemos esperar o inesperado e as não
intencionais. Isto exige inovações fundamentais
no
pensamento de precaução e análise de risco. Finalmente, um genoma prótese
apressa o dia quando as formas de vida poderão ser feitas inteiramente a partir
de materiais não-vivos. Como tal, ele vai revitalizar eternas perguntas sobre o
significado da vida : - O que é, porque é importante e qual o papel os seres
humanos devem ter no seu futuro? “
(Mark Bedau, professor de filosofia e humanidades,
Rede College, Oregon).

 

“[...] O trabalho do JCVI pode até ajudar na
ligação da química à história natural. As seqüências dos
genomas de ancestrais extintos espécies
de Mycoplasma pode ser inferida a partir das
seqüências das diversas formas modernas, incluindo M. capricolum, M. genitalium e M. mycoides - os três que Venter e seus colaboradores utilizaram
no processo de síntese. A nova tecnologia sintética
permite a ressurreição de tais bactérias antigas,
cujo comportamento deve nos informar sobre
ambientes planetários e ecológicos 100 milhões de
anos atrás. Algum dia, talvez até mesmo a ciência
planetária pode se beneficiar da síntese”
(Steven
Benner, Fundação para Aplicação da Evolução Molecular,  Gainesville, Florida).

 

 

“No que diz
respeito aos regulamentos para impedir a liberação de formas de vida perigosas
feitas de maneira semelhante para o novo Mycoplasma ou por outros meios, são
dois cenários: bioerror e bioterrorismo. Para evitar bioterrorismo, realistas ecossistemas
de laboratório devem ser padronizados para testar a capacidade de novos genomas
sintéticos a persistir ou detectar genes de câmbio para o  estado selvagem “
(George Church, Geneticista, Harvard Medical School).

 

Assim como todo avanço
tecnológico, o projeto de Craig Venter levantou polêmica e é de grande
importância a divulgação dessa temática para que as pessoas se posicionem.
Quais poderão ser as conseqüências de sua aplicação?  Estarão os seres sintéticos preparados para
as condições naturais? Como eles se sairão na competição por recursos, serão
rapidamente predados por não terem sofrido pressões seletivas, ou se tornarão
potenciais predadores? Quais as implicações do surgimento de um novo ramo da
árvore da evolução, sob o controle humano? Essas são algumas questões que
provavelmente instigam a sociedade nesse momento.  

As possíveis aplicações
da tecnologia são interessantes, mas se sintetizar novos organismos é mesmo
necessário, frente à imensa diversidade biológica é algo realmente contestável.
Além disso, é importante pensar a cerca da aplicabilidade da técnica. Quem terá
acesso? A que preço?

Estamos tratando de uma
questão ética, delicada e controversa. É preciso avaliar com cautela a razão
risco/benefício dessa nova descoberta antes de decidir qual papel o ser humano
deverá assumir no controle da vida na Terra.

 

REFERÊNCIAS

 

BEDAU, M. et al. Life after the synthetic cell. Opinion. See Editorial, page 397, and comment online
at

go.nature.com/AwYeob. Nature |Vol 465|27 May 2010.

 

Discovery
Channel - Vida Sintética
Disponível em: http://www.youtube.com

 

 First Self-Replicating,
Synthetic Bacterial Cell
. J. Craig Venter Institute. Rockville MD and San Diego,
CA—May 20, 2010. Disponível em: http://www.jcvi.org/.

 

J. Craig Venter Institutehttp://www.jcvi.com



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 23:52
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Segunda-feira, 7 de Novembro de 2011
Seminários Evol Bach 2011 - Padrões de extinção de espécies e as grandes extinções em massa

Padrões de
extinção de espécies e as grandes extinções em massa

Grupo: Barbara Passos, Denise Miranda,
Ester, Lorena Vieira

 

Panorama
histórico

No século
XVIII, o desenvolvimento científico assume importância crescente. O barão G.
George Cuvier (1769-1832) trabalhou no Museu de História Natural de Paris
dedicando-se especialmente ao estudo dos vertebrados. No seu estudo, deparou-se
com alguns fósseis de dimensões extraordinárias, muito maiores do que as
espécies atuais. Para explicar as suas dimensões e o seu desaparecimento
(extinção), Cuvier propôs que a Terra sofria de poderosas convulsões periódicas
(as “revoluções do globo”). Nestas ocorreriam extinções de muitos animais, que
seriam seguidas por períodos de calma, onde se produziria uma nova criação. Por
isso Cuvier pode ser considerado o fundador da Paleontologia dos Vertebrados.

No século XIX
Charles Lyell (1797-1875), geólogo e mestre de Charles Darwin (1809-1882) abre
a geologia moderna com o seu Princípio do Uniformitarismo. Neste, Lyell refere
que a Natureza manteve desde sempre as mesmas leis. Assim, os processos
geológicos desenvolvem-se de forma natural, devido a processos físicos,
químicos e biológicos que atuam de forma lenta, gradual e contínua ao longo do
tempo geológico.Com este princípio Lyell pôs em cheque o Catastrofismo
associado ao Dilúvio, e assentou as bases para o desenvolvimento das idéias
evolucionistas de Darwin.

Naquela
época, os fósseis já eram um poderoso auxiliar do geólogo de campo que lhe
permitiam datar os terrenos. Darwin, entretanto, não se interessou tanto pelo
valor estratigráfico dos restos fossilizados, mas sim pelo seu valor como
testemunhos da seleção natural, e, sobretudo, da evolução das espécies. Na sua
obra "On the Origin of Species" de 1859, Darwin inicia uma aliança
frutífera entre os aspectos biológicos e geológicos dos fósseis.

Na
atualidade, os fósseis adquiriram um significado mais abrangente. Além de
continuarem a ser auxiliares fundamentais para os geólogos na Biostratigrafia,
eles são amplamente usados:


  • reconstituição
    de relações ecológicas e ecossistemas antigos – Paleoecologia;

  • na
    organização da distribuição espacial de organismos antigos ao longo do tempo –
    Paleobiogeografia;

  • nos
    estudos sobre Evolução.

Taxas de Extinção

 

Diferença
das taxas de extinção entre os grupos

As diferenças nas taxas
de extinção características entre os diferentes grupos é provavelmente
fundamentada em mudanças ecológicas sistemáticas. É preciso certa cautela em
aplicar qualquer tentativa de generalização de situações atuais. Mudanças
climáticas nem sempre causam uma faixa para a espécie se mover de forma suave e
continua sobre o mapa; o resultado é geralmente em fragmentação descontinua e
pulos em mosaicos para um potencial habitat adequado

 

Taxas
de extinções atuais e recentes

Essencialmente, todas as
projeções sobre taxas de extinção eminente são baseadas em relações
espécie/área, combinada com estimativas de taxas de perda de habitat por
desflorestamento ou outros processos.

A relação espécie/área é
uma regra empírica, baseada na variedade de estudos de como o numero de
espécies, S, de um grupo taxonômico particular (besouros, pássaros, plantas
vasculares) encontrado em ilhas individuais em um arquipélago depende da área
da ilha, A. Estas ilhas podem ser ilhas reais no mar, ou virtuais como lagos ou
topos de montanhas isoladas.

Fundamentação teórica: A
distribuição de indivíduos entre as espécies de um determinado grupo taxonômico
geralmente obedece uma distribuição chamada lognormal canônica (Peterson, 1962
e McArthur e Wilson, 1967). Esta distribuição implica que o número total de
indivíduos, N, está relacionado com o numero total de espécies.

 

∆S= z∆A

 

Onde z é um valor
aproximado entre 0.2 e 0.3 que indica que se a área de habitat adequado é
reduzida a 10% do seu valor primitivo, o numero de espécies irá cair pela
metade e ∆A é a taxa anual de desflorestamento.

 

 

Estimativas
futuras das taxas de extinção

Todas as taxas de
extinção são atormentadas por muitas incertezas. Porém para aves e mamíferos,
existem 3 diferentes abordagens - uma baseada na relação espécie/área, outro da
escala de categoria de ameaças da IUCN e a outra na estimativa de provável
distribuição da IUCN - estão dando prováveis respostas com projeções de
extinção destas espécies por volta de 200 a 400 anos. Esta situação é menos
clara para plantas, e menos ainda para invertebrados. Além disso a erosão
genética de plantas e outras espécies é preocupante, mas geralmente
negligenciada em debates sobre extinção.

 

As taxas de extinção iminente,
são pelo menos, quatro ordens de grandeza mais rápido do que as taxas vistas no
registro fóssil.

Tais estimativas são ponto de
partida útil. O que é necessário agora é compreensão mais rica e
contextualizada de como a extinção observada difere entre grupos taxonômicos e
entre localizações geográficas, e das causas subjacentes. Ações de conservação
eficazes dependem de tal entendimento.

 

 

A Lista Vermelha da IUCN é o inventário mais abrangente
do mundo do estado de conservação global de espécies vegetais e animais. Ele usa
um conjunto de critérios para avaliar o risco de extinção de milhares de
espécies e subespécies. Estes critérios são relevantes para todas as espécies e
todas as regiões do mundo. Com a sua forte base científica, a Lista Vermelha da
IUCN é reconhecido como o guia mais autoridade para o estado da diversidade
biológica.

 

Padrões de especiação

O estudo dos fósseis permite entender as
modalidades da evolução, as quais, confrontadas com os resultados obtidos a
partir da genética de populações, permitem melhor compreender os mecanismos da
especiação, base das teorias modernas da evolução.

A Paleozoologia põe claramente em evidência
dois tipos fundamentais de especiação, que intervêm alternativa ou
concorrentemente para dar origem a formas novas; são eles a evolução sequencial
ou anagénese  e  a evolução divergente  ou cladogénese, que constituem a base da
teoria sintética(ou gradualista) da evolução, enunciada com base em trabalhos
fundamentais do geneticista T. Dobzhansky, do biólogo e ecologista J. Huxley,
do zoólogo especialista em sistemática E. Mayr, do paleontólogo G. Simpson e do
zoólogo B. Rensch (Chaline, 1999, 2006).

Evolução sequencial ou anagénese (=especiação
por transformação progressiva ou especiação filética in Roger, 1976). Tem como
principio a modificação das espécies de forma lenta e gradual. Neste padrão uma
única espécie, pelo lento acumulo de novas características genéticas, vai se
transformando em outra espécie. Este tipo de especiação fornece aos
paleontologos as chamadas cronoespécies, que são espécies paleontológicas que
sucedem ao longo de uma mesma linhagem evolutiva.Como os fosseis são
encontrados em extratos de rochas que sucedem do mais antigo ao mais jovem,
este tipo de especiação é bastante útil no estudo evolutivo a partir de fosseis.

Em evolução deste tipo não existe qualquer
corte natural, qualquer descontinuidade genética. Por convenção, admite-se que
quando duas populações diferem suficientemente para que a maior parte dos
indivíduos que as compõem (95%) possam ser distinguidos, elas podem ser
consideradas como espécies distintas.

A anagénese não implica, assim, qualquer
multiplicação do número de espécies, mas apenas uma transformação destas. Esta
modalidade de evolução é uma das mais frequentes e melhor conhecidas; exemplos
podem ser citados em vários grupos fósseis, dos foraminíferos aos celenterados,
dos equinodermes aos bivalves, dos braquiópodes aos cefalópodes, para já não
falar de vertebrados onde os exemplos mais interessantes são dados por roedores
e equídeos.

Evolução divergente  ou cladogénese (=especiaçãopor divisão de uma
espécie em duas novas espécies ou especiação evolutiva in Roger, 1976). Esta
segunda modalidade fundamental da evolução consiste na divisão de uma população
primitivamente contínua, em duas ou mais, separadas por uma barreira que limita
ou suprime as trocas genéticas e permite evolução divergente. Se a divergência
assim criada é suficiente as duas populações podem deixar de ser interfecundas,
dando lugar a verdadeiras espécies ou clades.

No seu conjunto as modalidades deste fenómeno
podem ser várias:

a) Uma 
cladogénese simétrica, na qual dois clades novos divergem a partir de
uma origem comum; cada um  pode ser
considerado como uma nova espécie, diferente da inicial.

b) Uma 
cladogénese assimétrica (=especiação por colonização in Roger, 1976), em
que a espécie inicial se prolonga sem modificação e se assiste à divergência de
um novo ramo lateral (clade), que dá lugar a uma nova espécie.

c) Uma 
radiação adaptativa, quando numerosos clades aparecem quase
simultaneamente em determinado momento, originando verdadeira explosão da forma
primitiva.

Para se manifestar, a cladogénese precisa de
três condições essenciais:

1. A existência de uma barreira eficaz que
isole os fragmentos disjuntos de uma população primitivamente contínua – O
isolamento geográfico, cujo papel é fundamental na natureza actual (Mayr,
1974), é, sem dúvida, um dos factores predominantes da cladogénese.

2. A existência de diferenças genéticas entre
populações isoladas – Esta condição não é absolutamente necessária, porque a ação
da seleção sobre populações com a mesma composição genética, mas colocadas em
meios ambientes diferentes, pode ser suficiente para criar divergências
consideráveis. No entanto, ela facilitará e acelerará certamente o fenómeno.

3. A existência de condições ambientais
diferentes nas zonas ocupadas pelas novas populações disjuntas –Trata-se de
condição absolutamente indispensável; se o isolamento é necessário para
permitir a cladogénese, somente as variações ecológicas vão originar a
divergência de dois ou mais grupos assim disjuntos, segundo os mecanismos que
são os da anagénese.

Uma cladogénese inicia-se de modo muito
modesto e tímido, a partir do isolamento de uma população no seio de uma
espécie.

A cladogénese parece muito mais eficaz e
rápida do que a anagénese, mas, na realidade, verifica-se que as duas
modalidades estão estreitamente ligadas, e são muito mais complementares do que
opostas. A anagénese sozinha seria incapaz de explicar a multiplicidade dos
taxa que compõem actualmente o mundo vivo, mas a cladogénese sozinha não podia
por si só explicar a evolução.

Tipos
de extinções

Extinção é um processo irreversível
que ocorre quando uma população ou uma característica controlada por fatores genéticos
desaparecem. Extinção pode ocorrer ao nível de espécie, como aconteceu com o
mamute (Mammuthus primigenius) e ainda a variedade e de genes ou alelos.
Extinção é parte natural do processo de evolução.

A extinção também é uma questão de escala geográfica. A extinção local é a extinção de uma
população em uma determinada região e não necessariamente de toda a espécie.
Isso, em biogeografia, é um fator importante no delineamento da distribuição
geográfica das espécies. Eventos de mudanças climáticas, por exemplo, podem
levar à extinção local de populações e, assim, configurar os padrões de
distribuição das espécies.



Atualmente muitos
ambientalistas e governos estão preocupados com a extinção de espécies devido à
intervenção humana. As causas da extinção incluem poluição, destruição do
habitat, introdução de novos predadores e, inclusive, tráfico de animais

A extinção de espécies ocorre naturalmente quando existe
desequilíbrio em um ecossistema ou habitat. Essas mudanças podem ser de caráter
climático; temperatura, precipitação e vento; mudança no comportamento ou
efetividade dos predadores, parasitas e doenças; competição entre espécies por
suprimentos alimentares e limitação de recursos ambientais.

No entanto, as
espécies são capazes de se adaptar às mudanças do meio, porque os indivíduos
dentro das espécies não são idênticos. Portanto, alguns indivíduos possuem uma
constituição genética que lhes possibilitam sobreviver e reproduzir em
condições que para outros, da mesma espécie, são adversas ou inóspitas. Esses
indivíduos passarão seus genes para a geração seguinte, desde que a mesma
pressão de seleção continue ocorrendo.

Quando as
mudanças ambientais são grandes, ou quando a variação genética dentro da
população é pequena, pode existir poucos ou nenhum indivíduo cuja constituição
genética lhe permita sobreviver ao novo meio. Nesse instante, poucos indivíduos
irão sobreviver e a espécie irá desaparecer, ocorrendo a extinção.

Existe as extinções de menor escala e as
extinções em massa. As extinções de menor escala são divididas em Pseudoextinção
ou extinção filética e Extinções decorrentes de interações entre os organismos
vivos.

A Pseudoextinção ou extinção filética  é as interações bióticas e abióticas dos
organismos com o meio que os cercam geram pressões seletivas que levam estes
organismos a adaptações, ocasionado mudanças morfológicas ao longo das
gerações. Assim os descendentes de uma população original se modifica ao ponto
de serem considerados uma nova espécie, enquanto uma espécie original passa a
ser considerada extinta.

As Extinções decorrentes de interações entre
os organismos vivos é o surgimento de uma espécie mais eficiente que passasse a
competir com outras por um mesmo nicho. Graham (1986) discute as extinções do
final do Pleistoceno, envolvendo entre outros, a fauna de mamíferos gigantes
então existentes que era atribuída à predação intensa dos humanos paleolíticos.
Para Graham no entanto, a extinção ocorreu em decorrência de mudanças
climáticas, como a destruição de habitas em decorrência do avanço frio.

E tem as extinções em massa, que são
divididas em: redução dos nutrientes, inflencias da correntes marinhas,
vulcanismo,paleogeografia, e causas extraterrestre.

Redução de nutrientes - Os principais
nutrientes consumidos pelos produtores primários são os minerais trazidos para
os oceanos, provenientes da erosão das rochas continentais. Com isso várias
hipóteses foram elaboradas nas quais a diminuição destes nutrientes levaria a
redução drástica na quantidade dos produtores primários, desencadeando uma
reação e cadeia de proporções catastróficas. Contribuiriam pra este cenário a
diminuição da atividade ortogênica (baixos relevos = menos erosão = menos
nutrientes), retenção de matéria orgânica dentro dos continentes e acumulação
destes nutrientes no fundo dos oceanos por falta de correntes de resurgência.

 

Influencia das correntes marinhas - Mudanças
nas circulação oceânica pode causar grandes mudanças climáticas. Se não
existisse a atual circulação oceânica, o norte da Europa seria totalmente árido
e geladoNo hemisfério sul o chamado El Niño, que ocorre quando há um excessivo
aquecimento das águas do Pacífico em alto-mar, não formando a corrente de
resurgencia na costa do Chile. Isso gera uma drástica redução da população
planctônica, e consequentemente em toda a cadeia alimentar.

 

Vulcanismo - O efeito de uma erupção
vulcânica depende do volume e da composição das larvas assim como o tipo de
erupção. Erupções explosivas colocam grande quantidade de poeira na
estratosfera, que permaneceriam por tempo para gerar efeitos nocivos, porém,
estas erupções são pontuais e dificilmente afeariam a Terra como um todo,
causando extinções locais. Por outro lado as erupções não-explosivas, que são
as que correspondem aos maiores volumes de magma, não conseguem jogar
partículas de poeira na estratosfera, mas poderiam injetar enormes quantidades
de sulfato na atmosfera, podendo causar chuvas ácidas, envenenamento do ar e da
água dos oceanos e corpos d’água doce.

 

Paleogeografia - A aproximação das placas
levaria a competição de biotas originalmente isoladas umas das outras e uma
queda na diversidade (Valentine, 1973). Além disso a formação de grandes
continentes interferiria na circulação atmosférica e levaria a um aumento na
sazonalidade ao longo das plataformas continentais, gerando uma instabilidade
na produção de nutrientes, a qual afetaria as cadeias tróficas, com efeitos em
larga escala.

 

Causas extraterrestres: Impactos -  Estima-se que o choque propriamente dito
liberaria uma quantidade de energia equivalente a 5 bilhões de bombas atômicas.
A destruição seria total e instantânea num raio de milhares de quilometros ao
redor do ponto de impacto, sendo que em terra firme a área seria ainda mais
ampliada devido aos incêndio gerados logo a seguir. Em uma região de mar raso
haveria a produção de ondas imensas que revolveriam violentamente o fundo das
plataformas marinhas varreriam as costas dos continentes.

Extinção em massa:

 

A Terra já passou por cinco grandes
períodos de extinção de espécies. Os primeiros três, há centenas de milhões de
anos, mataram organismos primitivos que viviam no mar. O quarto matou répteis e
moluscos marinhos. O quinto e mais famoso, há 65 milhões de anos, causou a
extinção dos dinossauros. Uma corrente de pesquisadores acredita haver indícios
suficientes de que a ação humana já detonou a sexta extinção em massa.

Pelo menos cinco intervalos distintos de extinção em
massa são reconhecidos no Fanerozóico (Sepkoski, 1986). O maior é a extinção
Permo-Triássica quando cerca de 54% de todas as famílias marinhas e 83% de
todos os gêneros marinhos presentes nos estratos subjacentes desapareceram
(Erwin, 1990). O mais famoso é provavelmente o evento K-T (Cretáceo-Terciário)
devido a sua associação com o desaparecimentodos dinossauros e a possível
associação com um impacto de meteorito de alta energia (Alvarez et al., 1980).
Ao lado dessas cinco grandes extinções existem vários outros exemplos de
desaparecimento coordenados envolvendo pequenos grupos de taxa ou províncias
geograficamente restritas (Sepkoski, 1986).

A primeira grande extinção foi no Ordoviciano – Siluriano, ocorreu a 439 milhões de anos atrás,com duração
de 10 milhões de anos. O clima do ordoviciano mostrava temperaturas
médias e atmosfera muito úmida. No final, porém, formaram-se grandes geleiras,
o que causou provavelmente as extinções maciças que caracterizam essa fase.
Cerca de 60% de todos os gêneros e 25% dos invertebrados marinhos de todas as famílias foram
extintos. Nessa epoca
apareceram os
primeiros vertebrados e animais gigantescos, como artrópodes marinhos de 2
metros. O Siluriano foi marcado por derretimento das calotas polares e elevação
do nível dos mares.

Surgiram recifes de
corais e os primeiros peixes com mandíbula. Os artrópodes invadiram o ambiente
terrestre e, no final do período, apareceram animais e plantas em

áreas continentais. É o período de surgimento dos  amonites. A causa da extinção nessa
epoca seria a flutuações severas do nível do mar ligadas a grandes glaciações,
seguidas de um aquecimento global de grandes proporções. Os principais grupos
afetados foram: cefalópodos, corais, briozoários,crinóides, graptólitos,
gastrópodos e bivalves. Após, houve a recolonização lenta dos ambientes
marinhos, a partir do Siluriano inferior(440 m. a.), por formar sobreviventes
generalistas e com baixa diversidade, não ocorrendo, dessa forma, uma inovação
biológica significativa ( ERWIN, 1998).

A segunda grande extinção foi Devoniano – Carbonífero, ocorreu a 364 milhões de anos atrás,
com duração de 5 milhões de anos. É o “Período dos Peixes”.

Nessa fase da
história da Terra, apareceram plantas de pequeno porte e os corais atingiram o
apogeu.Os graptólitos graptolóides extinguiram-se Devoniano
Inferior. Os insetos tiveram grande desenvolvimento e peixes começam a deixar a
água, com transformação de nadadeiras em quatro patas. Os graptólitos dendróides desapareceram da face da Terra.No
final do Carbonífero, os répteis adquiriram a capcidade de se reproduzir em
terra.A causa da extinção dessa epoca inclui impacto extraterrestre, flutuações
eustáticas e alastramento de água anóxicas, alterações climáticas e
resfriamento global. Não existem provas suficinetes para atribuir a essa
catástrofe uma única causa, sendo, portanto provavelmente devida a uma
combinação de diveros fatores (GASTON; SPICER, 2004). Ocorreu o desaparecimento
de 50% de todos os gêneros multicelulares, os principais atingidos
foram:esponjas formadoras de recifes, branquiópodes, peixes sem mandíbula.

A terceira foi  Permiano – Triássico,
ocorreu 251 milhões de anos atrás, com duração de 60 milhões de anos, último período da Era
Paleozóica. Nele, os continentes uniram-se numa única massa, o
supercontinente Pangéia.A fauna terrestre do período Permiano foi dominada por
insetos semelhantes a baratas e animais que não eram
nem répteis nem mamíferos e pertenciam ao grupo dos Synapsida.
A flora era
caracterizada por árvores do gênero Glossopteris, cujos folhas são
frequentemente encontradas nas camadas de carvão do sul do Brasil. Este é o
fóssil mais antigo do período Permiano encontrado até hoje.O final do período é
marcado por uma extinção em massa de proporções nunca antes ocorridas, evento
conhecido como Extinção Permiana. Com ela, sumiram os
trilobitas, e os répteis tiveram grande desenvolvimento, dominando a era
seguinte, o Mesozóico.É considerada a maior extinção do Fanerozoico, tendo
provocado o desaparecimento de 95% das espécies marinhas e 70% das espécies
terrestres. Existem evidências de que esse episódio coincide com a hipóxia ou
anóxia oceânica, transgressão marinha e mudanças climáticas causadas por
vulcanismo. Embora possa afirmar que essa megaextinção tenha sido devida a uma
causa excluisiva, a hipótese dos baixos níveis de oxigênio oceânico é
sustentada por provas sedimentológicas, paleoecológicas, geoquímicas e por
biomarcadores( TWITCHETT,2006). A causa foi vulcanismo exacerbado produz vastas
quantidades de gás carbônico, que desencadeiam aumento da temperatura global e
falta de oxigênico no mar e em terra. Os principais atingidos foram apesar da
matança generalizada, alguns grupos de animais foram completamente erradicados,
como os trilobitas, primos marinhos dos crustaceos que tinham sobrevivido ás
duas extinções em massa anteriores. Os principais grupos afetados foram, no
ambiente marinho, foraminíferos, trilobitas, corais, blastóides, briozoários,
braquiópodos, amonóides, crinóides, eurypterídeos, ostracodes, equinodermos,
acantódios e peixes. No ambiente terrestres, os pelicossauros. A substituião
faunística ocorrida ao longo do Triássico inferior (251 m. a. – 245 m. a.)
aponta a proponderância de faunas generalistas, cosmopolitas e de comunidades
estruturalmente simples, com baixa diversidade ( ERWIN, 1998).

A
quarta grande extinção foi Triássico – Jurássico, ocorreu a 200 milhões de anos atrás, dua duração foi
incerta.  Nesse período, os répteis dividiram-se
em muitos grupos e ocuparam diversos habitats. Surgiram os primeiros dinossauros e os primeiros mamíferos ovíparos. A causa da extinção é incerta, mas as principais hipótses
sejam o impacto de um objeto extraterrestre e o resfriamento global, seguidos
de mudanças atmosféricas, tais como partículas de poeira em abundância, fumaça,
vapor d’agua e dióxido sulfúrico (GASTON,SPICER, 2004) Os principais atingindos
foram os conodontes ( vertebrados muito primitivos, parecidos com enguias),
répteis aparentados aos dinossauros e aos ancestrais dos mamíferos, anfíbios de
grande porte.

 A quinta grande extinção foi Cretáceo – Terciário,
ocorreu a 65 milhões de anos atrás, com uma duração de poucos anos. É a mais
famosa de todas as extinções em massa aniquilou pelo menos 50, 60 ou talvez até
75% das espécies, sendo os grupos extintos mais conhecidos, os dinossauros, os
pterossauros e os répteis marinhos. Além desses, elidiu também belemnóides,
muitas espécies de plantas, exceto samambaias e plantas com sementes, amonódes
e bivalve rudistas. Notavelmente, muitos
grupos de mamíferos, tartarugas,
aves, crocodilos, lagartos, serpentes, e anfíbios não foram prejudicados (
ERWIN, 1998). O impacto de grandes corpos extraterrestres com a Terra é
compreendido como o maior responsável pela extinção global ocorrida no limite
K-T, embora não haja uma associação direta com o evento extincional
propriamente dito.Segundo Twitchett ( 2006), Alvarez e colaboradores
propuseram, em 1980, duas hipóteses relacionadas, mas não necessariamente
dependentes: que o impacto de um bólido ocorreu no limite K-T e que esse bólido
causou a extinção em massa. A primeira hipótese tem sido corroborada por
inúmeros estudos subsequentes, mais notavelmente a identificação de vestígios
de uma cratera com 180 a 300 km de diâmetro, localizada em Chicxulub, Mexico, e
uma riqueza de evidências geológicas associadas( quartzos de choque, tectitos,
depósitos de tsunami, etc). Todavia, para concluir que o choque tenha sido o
causador da extinção, dois conjuntos de dados devem ser considerados: a
inequívoca evidência de extinção geologicamente instantânea, bem como a clara
coincidência do impacto do meteoro com o horizonte extincional.

A causa foi um impacto de um asteroide no atual golfo
do mexico, cerca de 50% dos generos multicelulares desapareceram e os
principais atingidos foram: dinossauros não avianos( ou seha, os que não são
ancestrais das aves modernas), pterosauros ( repteis voadores), répteis
marinhos, grupos primitivos de mamíferos.

Uma nova extinção em
massa?

Para muitos cientistas, está acontecendo atualmente
mais uma extinção em massa: muitas espécies estão desaparecendo em um ritmo 100
mil vezes mais rápido do que a extinção natural (a extinção que acontece fora
dos períodos de extinção em massa). Algumas estimativas chegam a indicar que um
quinto das espécies atuais pode desaparecer em 30 anos.

A extinção atual vem sendo provocada pelo ser
humano pela destruição dos ambientes naturais (florestas, campos, etc.) onde
vivem as espécies, para a construção de cidades e fábricas, atividades
agropecuárias, extração da madeira e minerais e pelo aquecimento global do
planeta, provocado pela queima de combustíveis fósseis (carvão e petróleo) por
fábricas e veículos e pelas queimadas das florestas.

Os principais atingidos seria atualmete, 23%dos
mamíferos, 12% dos pássaros e 29% das espécies de anfíbios estão ameaçados de
extinção. Uma corrente de pesquisadores acredita haver indícios suficientes de
que a ação humana deu início à sexta extinção em massa.

Estudo de caso

Artigo:
Catastrophic dispersion of coal fly ash into oceans during the latest Permian
extinction

Trata da Extinção do permiano em que 90% das
espécies marinhas foram extintas. Isso pode ter sido causado por dispersão de
cinzas, criando condições marinhas tóxicas. Essas cinzas são provenientes da
erupção do basalto que  gerou plumas de
cinzas que alcançam a estratosfera. As cinzas limitam a penetração de luz, enquanto que os nutrientes e metais tóxicos associados
com cinzas volantes (As) são liberados nas águas. Carbono
terrestre no sedimento marinho datados do Permiano foi coletado para serem
feitas as observações de coluna do sedimento.Observação da refletância das
amostras de amostras de rocha do lago Buchanan, os pesquisadores afirmam que o
material coletado veio da erupção vulcânica siberiana, através de escoamento e
também da ação carreadora do vento. Eles separaram o sedimento e analisaram a
razão C/O, composição em relação à presença de metais Al, As, Mo. Observaram
que, ocorreu diminuição gradual de emissão de carbono 13 após a erupção
explosiva. Ou seja, a pluma de cinzas foi diminuindo gradualmente após a
erupção. 

Artigo: Pattern
of Marine Mass Extinction Near the Permian-Triassic Boundary in South China

Também trata da extinção do Permiano, nele foram feitos
estudos de fósseis da extinção do Permiano-Triássico. Foram analisados vários
grupos: Foraminíferos, bivalves, braquiópodes, algas,ostrácodes, gastrópodes,
radiolários, corais, briozoários, trilobitas, conodontes.

Os fósseis indicam que a extinção ocorreu por volta
de 251,4 a 250,6 Ma, foi  feita uma
análise geral de data e também dos grupos separadamente, e também, uma analogia
entre as oscilações de concentração do isótopo de carbono com a extinção do
período.

Referências:

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Sepkoski, J.J.,
1986. Phanerozoic overview of mass extinction. In: Raup, D.M. & Jablonski, D.
(eds), Patterns and processes in the history of life. Springer-Verlag, Berlin,
p. 277-295.

SYLVESTER-BRADLEY
P. C. (1958) – The description of fossil populations. Journ. Paleont. 32 (1),
214-235.

TWITCHETT,R. The
palaeoclimatology, palaeoecology and palaeoenvironmental analysis of mass
extinctions events. Palaeogeography, Palaeoclimatology,
Palaeoecology, v.232, p. 190-213, 2006.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 10:17
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Quarta-feira, 2 de Novembro de 2011
Seminários de Evolução 2011-2 - Evolução e Filogenia

Universidade Federal de Ouro Preto

BEV 170 – Evolução

Sérvio Pontes Ribeiro

Alunos: Ana Clara Magalhães, Ane
Catarine Costa, Carlos Rafael Barreto e Ceres Olívia Leão.

Evolução e Filogenia

 

A
Evolução é dependente do ambiente no qual a população vive e das variantes
genéticas que surgem naquela população e esta vem ocorrendo em um padrão de
árvore, ramificado (filogenia).

A
seleção natural é um processo da Evolução e determina que alguns indivíduos da
população tendem a contribuir com uma descendência maior para a próxima geração
do que os outros assim qualquer atributo de um organismo que o leve a deixar
mais descendentes do que a média terá frequência maior na população com o
passar do tempo.

Antes
da disseminação dessas teorias a crença ortodoxa era na fixidez das
espécies(permaneciam estáveis, nasciam o morriam sem nenhuma modificação). Maupertuis,
Diderot, Erasmus Darwin discutiram evolução, mas não elaboraram idéia que
pudesse ser reconhecida hoje como teoria satisfatória para explicar como as
espécies mudam.

Lamark
foi o primeiro a descrever um teoria sistemática sobre a evolução. Historiados
definem suas idéias como “transformismo”, contradizendo a teoria de fixidez das
espécies que dominava na época.

Lamark
também explicou também sobre a herança de caracteres adquiridos(Herança
lamarckiana)onde caráter é qualquer propriedade distinguível de um organismo(o
termo não se refere a personalidade).

 

Lamarck
imaginou uma origem parafilética para a vida, com inevitável progresso ascendente.
Ele foi o primeiro a perceber que há não é uma
escada simples de vida, mas várias divergentes ou paralelas. A evolução
progressiva não é inexorável.

 

Logo
após a publicação do livro “ Sobre a Origem das Espécies” de Darwin, os estudiosos
aceitaram a evolução quase imediatamente. Sua Teoria além de explicar porque as
espécies mudam , também esclareceu por que elas são bem-adaptadas à vida. Carl Gegenbauer logo reorientou seu trabalho
na busca de relações evolutivas entre grupos animais, assim como o famoso
biólogo alemão Ernst Haeckel que aplicou pela primeira vez a sua “lei da
biogenética” para revelar genealogias filogenéticas.

A
Teoria da recapitulação ou Lei da biogenética as fases de recapitulação de
desenvolvimento de um organismo correspondem à história filogenética de sua
espécie: “a ontogenia recapitula a filogenia”, cada etapa do desenvolvimento
corresponde a uma etapa ancestral da história evolutiva da espécie.

Origem
da Vida

Estudiosos
que usam apenas RNA e sequências de proteínas para interpretar a história de um
organismo podem negligenciar a importância de transições evolutivas na
estrutura celular para desvendar a filogenia. Ao ignorar a estrutura celular e
a paleontologia pode-se ter levado a uma má interpretação da história da vida.

Mapeamentos
celulares da diversidade conhecida e razoavelmente bem estabelecida no registro
fóssil nos permite dividir a história da vida em quatro fases sucessivas:

1-     Uma fase anaeróbia
com bactérias fotossintetizantes não sulfurosas como principais produtores
primários para os ecossistemas.  Os
grandes consumidores com descendentes sobreviventes foram Chlorobacterias
heterotróficas. A vida aeróbia só evoluiu com a origem de fotossíntese
aeróbica.

 

2-     Idade das
Cianobactérias, em que estas foram as maiores produtoras primárias dos
ecossistemas. No entanto muitos hábitats anaeróbios permaneceram, especialmente
nas profundezas do oceano.  No período
após este, foram registrados fósseis de Cianobactérias mais complexas,
incluindo formas filamentosas. Uma grande inovação deste período foi a origem

de eubactérias flageladas permitindo deslocamento. Concomitantemente houve
maciça diversificação metabólica.

 

3-     A idade em
que lentamente aumentou a complexidade metabólica e colonização de superfícies
continentais por Cianobactérias. No passado a maior parte dos microfósseis, do
meio do Proterozóico, era atribuída a algas eucarióticas, mas recentemente vem
sendo atribuída a fungos ou a uma mistura complexa de Cianobactérias e outras
bactérias.

 

4-     Idade dos
eucariotos e de microrganismos óbvios. Protozoários tornaram-se grandes
predadores de bactérias na água e na terra molhada, assim como cnidários e
esponjas.  Acontece a origem extremamente
complexa da célula eucariótica, depois que três quartos da historia da vida já
haviam sido extintos.  Esta origem
permitiu a flexibilidade da superfície da célula possibilitando a fagocitose de
outras células.

A
explosão cambriana de filos animais foi precedida por uma explosão de filos de
protozoários e de algas. Tardiamente foi possível o surgimento de filos de
plantas terrestres.

Uma vez que a vida começou, a
radiação em todas as direções permitiu o aumento da complexidade em algumas
linhagens independetemente da simplificação secundária em outras. Ambas são
limitadas pela genética e ecologia, fundamentalmente por interações físicas e
co-evolução.

 

Dentre os fatores que indicam um mesmo
ancestral comum entre todos os seres estão o fato de todos os seres terem uma
alta porcentagem de água – 70% em humanos, 95% em alface e 75% em bactérias em
geral; o que também favorece a hipótese da origem da vida em meio aquoso. A composição
atômica simples, baseada principalmente em C, H, O e N, é outro fator que reúne
os seres vivos.

Existem estudiosos que defendem a
origem da vida em alta temperatura, porém este é um assunto controverso, pois,
existem técnicas que permitem avaliar a temperatura de formação de bases
nitrogenadas, o que sugere que a temperatura era moderada, visto que em alta
temperatura o RNA se desagrega. Seres Hipertermófilos teriam se adaptado às
altas temperaturas e não se formado nelas.

O DNA ser um código universal presente
em todas as espécies reforça a idéia do ancestral comum citada anteriormente.

Uma forma de demonstrar o
relacionamento filogenético entre espécies é o estudo de rRNA 16s, que está
presente nas espécies mas não se aplica aos fósseis, uma vez que estes perderam
seu conteúdo celular. Organismos proximamente relacionados compartilham rRNA
semelhantes.

Ao se comparar o rRNA 16s de
diferentes espécies  consegue-se inferir
a respeito do número de mudanças/mutações ocorridas em um dos taxa. O
comprimento do ramo é uma medida indireta do número de mudanças ocorridas.

A árvore filogenética universal divide
os organismos em três grandes grupos, sendo estes Bacteria, Archaea e Eucarya.
O estudo dos fósseis concorda com o resultado da árvore, porém, salienta que
existe imprecisão nos tempos de divisão dos ramos. Uma limitação desta árvore é
a abrangência, que só engloba grupos viventes.

A linearidade desta árvore é
questionada, por exemplo, pela teoria da endossimbiose. Esta diz que
cloroplastos e mitocôndrias originaram-se de bactérias que invadiram células há
muito tempo. Outro questionamento é feito pela associação horizontal, que diz
que a árvore pode ter sido formada por muitos ramos separados que se uniram e
depois se subdividiram.

O Último Ancestral Comum provavelmente
possuía características comuns aos seres vivos, tais como: reprodução por meio
de genes (DNA), fábricas de proteínas (ribossomo e RNA), mecanismos para
reparar erros no código, obter e armazenar energia. Ele deve ter sido mais
parecido com os organismos mais primitivos (ramos mais baixos da árvore
universal) do que com os mais modernos (pontas dos ramos). Os organismos dos
ramos mais baixos são tolerantes ao calor, os termófilos e hipertermófilos
(DAMINELI & DAMINELI 2007).

Estudo de Caso – Early
steps of angiosperm-pollinator coevolution

O objetivo deste trabalho foi testar a
hipótese de que plantas com flores antigas eram polinizadas por insetos
polinizadores, através do estudo da biologia da polinização de angiospermas
basais e dos tipos de polinização de fósseis de angiospermas.

Os primeiros passos em coevolução
entre angiospermas e polinizadores são mais bem entendidos pelo estudo de
fósseis de flores do Cretáceo e pólen in
situ
.

Entender a biologia da polinização de
fósseis de plantas se baseia nas interpretações morfológicas usando traços de
flores fósseis e pólen comparando os com flores e pólen similares de plantas
viventes. Flores zoófilas apresentam pólen liso geralmente com superfície
ornamentada, com tamanho variado e produzido em quantidades variáveis.

Evidências sobre biologia da
polinização de angiospermas antigas são o registro de fóssil de insetos e os
modos de polinização de angiospermas antigas ainda existentes. Ambas suportam a
hipótese de ancestral zoófilo, com fósseis de insetos polinizadores do Cretáceo
Antigo bem preservados e polinização por inseto encontrada na maioria das
Angiospermas basais.

Os tipos de polinização em
angiospermas basais existentes (dicotiledôneas sem eudicotiledôneas),
monocotiledôneas basais (Acorales e Alismatales), e eudicotiledoneas basais
(Ranunculales, Sabiales, Proteales, Trochodentrales, Buxales e Gunnerales)
foram distribuídos filogeneticamente.

Examinaram-se grãos de pólen de
angiospermas dispersados e grupos de pólen comuns no Cretáceo Médio.

Pólens viscosos são encontrados em
flores zoófilas em angiospermas presentes e estudo provê evidência da
viscosidade de pólen fóssil. Sugere-se que esta viscosidade de pólen foi um
passo importante na coevolução de angiosperma e polinizadores.

Combinou-se dados de viscosidade de
pólen com dados de ornamentação de pólen, tamanho e abertura de grãos isolados
dispersados para prover frequências destes caracteres relacionados ao vento,
zoofilia e modos especializados de polinização.

Embora os modos de polinização das
angiospermas basais existentes tenham sido elencados, esta ocorrência não foi
comparada com aquelas encontradas em eudicotiledôneas e monocotiledôneas
basais.

Três grupos foram examinados:
angiospermas basais, monotocotiledoneas basais e eudicotiledoneas basais. Os
polinizadores foram classificados segundo modos de polinização baseados em
Thien et al. Coleoptera, Diptera, Hymenoptera, Micropterigidae (família
basal de Lepidoptera), Thysanoptera. Estes modos de polinização foram mapeados
em uma árvore molecular bem resolvida.

Utilizou-se o método da reconstrução
com maior parsimônia (MPR). A polinização por insetos em geral é inicialmente
presente em todas as famílias antigas de angiospermas basais e monocotiledôneas
basais.

Juntas, a polinização das angiospermas
basais existentes e a dispersão do pólen suportam a hipótese de que polinização
por animais foi comum durante o Cretáceo Médio e as especializações começaram a
ocorrer.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 00:18
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Terça-feira, 11 de Outubro de 2011
orientações para a prova 1a de Evolução

 

 

Capítulos para a prova:

Futuyama, Biologia Evolutiva

Caps 1,2,3,4,5,6,8 e 9

 

Ridley, Evolution:

caps 1,2,3,4,5,6,11,12,13

 

Não deixem de fazer a atividade comum da turma:

- quero que cada aluno levante a opinião sobre a Evolução biológica de três pessoas: 1 calouro de biologia, 1 estudante da UFOP de área não biológica e 1 pessoa que não tenha feito curso superior. Anotar o curso da segunda pessoa e se cada uma destas tem ´religião,e qual

- Montar uma tabela comum da turma criando categorias comuns de respostas, sub-dividindo pelas três categorias acima e marcando, DEPOIS, as % de pessoas sem fé, com fé cristã ou outras, por cada categoria

- ATENÇÃO -  a alocação de classes por religiosidade TEM que ser feito depois da divisão das categorias de respostas, às cegas, para não dividirem tendenciosamente, ok?

- também vou querer receber o enquete individual de cada aluno.

 

abraço, qualquer dúvida, email!



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 03:35
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