Este é um Blog educacional, dedicado a discussões acadêmicas sobre a Ecologia Evolutiva. Contém chamadas específicas relacionadas às disciplinas de Ecologia da Universidade Federal de Ouro Preto, e textos didáticos gerais.
Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011
A euqação da Co-existência tensa

Para aplicarmos Ecologia de Populações ao nosso futuro.

 

 

Veja post em

 

http://sociobiolodia.blogs.sapo.pt/11352.html



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 01:55
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Terça-feira, 6 de Dezembro de 2011
Avaliação Final de Ecologia de Populações - Bach 2011

Última avaliação de Ecologia de Populações Bach 2011

 

1 – Levantar um artigo em revista indexada, cujo tópico de pesquisa seja “life table”. Salvar o artigo completo para envio junto com a prova.

2 – Desenvolver resumo (2 páginas) do mesmo com detalhamento da metodologia, listando 2-3 aspectos que você não compreendeu (a qualidade de sua dúvida e pergunta será avaliada)

3 – descrever sucintamente (1 página) o modelo matemático que fundamenta a teoria do seu trabalho (p.exe., se é dado de predador-presa, modelo de predador-presa de Lotka-Volterra, se é crescimento uniespecífico com capacidade suporte, modelo de crescimento logístico etc)

4 – Formular uma hipótese sobre uma espécie brasileira e metodologia para testá-la, na direção do trabalho que leu e apresentou.

A PROVA DEVE SER ENVIADA POR EMAIL ATÉ DIA 13/12 PELA MANHA, E TAMBÉM ENTREGUE IMPRESSA PARA A PROFA. CINTHIA, DE 9:30: AS 10:00 NA MINHA SALA. A PROF. CINTHIA ESTÁ ORIENTADA A NÃO RECEBER NENHUMA PROVA FORA DESTE INTERVALO.

Plágio de escrita será investigado e devidamente punido.

Exame Especial - 19 de dezembro, horário da aula



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 10:18
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Para a prova final de Evolução bach/2011

O que é espécie? Uma análise provocativa!

O capítulo introdutório do livro do Levin (2000 – The origin, expansion and demise of plant species) deixa claro que o que aceitamos como espécie é na verdade um apanhado de propriedades emergentes que atribuímos a um grupo de populações que comungam destas propriedades em seus detalhes. Assim, desde as características morfo-comportamentais, que são a expressão fenotípica dos caracteres selecionados, até a relação de troca gênica panmítica e universal entre grupos/linhagens, fundamentam a definição geral do que seria uma espécie. Observe, nada disto existe em "um indivíduo", mas é uma propriedade emergente por ser um produto comum que nos permite eleger uma identidade! Entretanto, para bem além da reprodução panmítica com descendentes férteis, temos aspectos controversos nos limites de quem é quem, em especial nos trópicos, onde espécies co-genéricas, variedades, sub-spécies e ecotipos são amplamente confundíveis. Ao aprofundarmos os estudos sobre qualquer espécie de ampla distribuição biogeográfica, descobrimos variações constantes, que se seguidas ao longo de gradientes ambientais (aumento de altitude, aumento de umidade, aumento de nutrientes, etc) correspondem aos clines. Estes são séries contínuas de populações com ligeiras diferenças direcionais, frutos de ajustes finos às pressões seletivas gradualmente diferentes. Já vimos que os clines são a matéria prima para um tipo de especiação, que é a especiação parapátrica.

Toda a dúvida fica porém, na percepção do que será o limite da distribuição de uma espécie. Afinal, se a espécie muda em ambientes distintos, o que será então o limite que marca o surgimento de uma nova espécie, via especiação, no tempo? Todas estas análises passam por estes conceitos às vezes frágeis, e pela dúvida de até onde uma espécie pode ir sem perder a premissa de não isolamento e fluxo gênico. Este ainda é um ponto frágil da Moderna Síntese. Embora o neo-darwinismo lide maravilhosamente bem com a sobrevivência do mais apto, e com a origem de uma espécie via a mutação de uma outra ancestral, a Teoria não apresenta todos teoremas para esclarecer este ponto de mudança, esta virada e quebra entre um “ente” para outro “ente” biológico, identificável.

               É nesta interface que surge a Macroecologia, ou a análise evolutiva de grupos. Basicamente, o conceito de espécies (a despeito das dúvidas de como aplicá-lo para toda a vida) surge da percepção de agrupamentos legítimos que acomodam a diversidade da vida. Em outras palavras, a diversidade não ocorre como um continuum, mas em agrupamentos discretos onde organismos se assemelham em diferentes graus. Não há meio anfíbios-meio peixes. Se ocorre a evolução de um uma série co-ocorrentes de caracteres que distinguem um conjunto de espécies, estas se acomodam em um agrupamento reconhecível, uma unidade filogenética decorrente de um ancestral comum. Toda radiação adaptativa ou mera especiação que carregue estes caracteres reconhecíveis resulta em novas espécies para este “grupo” ou, mais tecnicamente, taxon elevado (gênero, tribo, família ou mesmo ordem)!

               Na escala da separação de espécies, o fundamental é a aplicação dos critérios mínimos para reconhecer uma, os quais marcam a história temporal da origem daquela espécie:

- Separação – caracteres mesmo que fracamente perceptíveis, definem uma nova linhagem que se distancia das formas ancestrais (mesmo antes de qualquer isolamento reprodutivo);

- Coesão – há uma coesão comportamental/fenotípica relacionada ao compartilhamento genético de características e ecológico, relacionado à ocupação de habitats comuns e co-existência.

- Monofilia – um único ancestral comum

- Distinção – vai da espécie ser separada o bastante para ser “diagnostificável”, a formarem agrupamentos fenéticos e, finalmente, agrupamentos genéticos.

 

Fonte - Stearns, S.C. & Hoekstra, R.F. 2005. Evolution, an introduction. Oxford Press.

 

Assim, responda:

1)      O que são as principais propriedades emergentes que delimitam uma espécie (assuma uma definição que te pareça mais adequada e responda)?

2)      Como podemos definir em que ponto que uma espécie mudou tanto que não poderia mais ser considerada a mesma espécie que a ancestral? Em que escala te parece mais difícil determinar este limiar? Na espacial, ou na temporal? Explique.

3)      Se uma espécie não gerar uma outra espécie além dela (portanto, com a co-existência da espécie ancestral e a espécie derivada), mas simplesmente desaparecer deixando uma descendente, o raciocínio muda de que maneira?

4)      Descreva da maneira que achar melhor uma hipótese evolutiva-filogenética sobre como o surgimento de algum caracter em especial (em animais,  plantas ou microorganismos) pode levar a todo um novo agrupamento taxonômico, e faça suas considerações/críticas sobre o entendimento de tais fenômenos macroevolutivos à luz dos “critérios de surgimentos de novas espécies”.

 

São questões difíceis, não desespere, mas tente forçar seu raciocínio e leitura ao máximo para respondê-las.

OBS - mudei de idéia quanto às perguntas de vocês, não terão que respond~e-las. Façam estas quatro perguntas minhas, e farei a correção das perguntas para cada grupo.

 

A PROVA DEVE SER ENVIADA POR EMAIL ATÉ DIA 12/12 PELA MANHA, E TAMBÉM ENTREGUE IMPRESSA PARA A PROFA. CINTHIA, DE 13:30 AS 14:00 NA MINHA SALA. A PROF. CINTHIA ESTÁ ORIENTADA A NÃO RECEBER NENHUMA PROVA FORA DESTE INTERVALO.

Plágio de escrita será investigado e devidamente punido.

Exame Especial - 19 de dezembro, horário da aula

 

 

 



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 01:54
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Domingo, 4 de Dezembro de 2011
Belo Monte para cientistas

Vej em: http://sociobiolodia.blogs.sapo.pt/10876.html



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 00:27
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Sexta-feira, 2 de Dezembro de 2011
Seminários - Evolução da homosexualidade

Evolução da Homossexualidade

Bruna Gonçalves Matos, Felipe Donateli Gatti,

Gabriela de Oliveira Faria e Leonardo Rodrigues dos Santos

 

O comportamento homossexual é tema de acaloradas discussões na sociedade e no meio acadêmico. Cientistas buscam compreender os determinantes do homossexualismo e investigam se este é determinado comportamentalmente ou pela genética. Para os evolucionistas, mais do que polêmica essa questão é um desafio, pois à primeira vista o comportamento homossexual parece violar uma "lei" básica da natureza: a da procriação e, sendo assim, como esse padrão se mantém apesar de não propiciar a reprodução (Sommer e Vasey, 2006)?

A ideia de que os organismos existem para reproduzir-se e perpetuar a espécie faz parte do pensamento científico e da teoria da evolução. Em uma visão estritamente Darwiniana, os organismos buscam maximizar o sucesso reprodutivo, aumentando o número de descendentes viáveis para que sua própria informação genética seja transmitida às gerações futuras (Sommer e Vasey, 2006).

O comportamento homossexual é muito comum entre os animas, tendo sido observado em todas as espécies animais em que a sexualidade foi investigada ou observada (Menezes e Brito, 2006 apud Gadpaille, 1980). Bruce Bagemihl em seu livro Biologial Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity (1999) sobre comportamento homossexual de animais, fornece evidências de que centenas de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, insetos, aranhas e outros invertebrados envolvem-se em atividade sexual com indivíduos do mesmo sexo. Pesquisas anteriores classificavam o comportamento homossexual nos animais como manifestação patológica ou como consequência da vida em cativeiro e pouco provável de ser observado na natureza. No entanto, estudos mais detalhados de animais em seus ambientes naturais tornou cada vez mais difícil afirmar que todas as interações sexuais entre os membros do mesmo sexo são exceções, idiossincrasias, ou patologias (Sommer e Vasey, 2006).

Claramente, o que já foi pensado para ser uma aberração parece ser um padrão de comportamento que é amplamente, embora de forma desigual, distribuídos em todo o reino animal. De fato, dentro de um seleto número de espécies, a atividade homossexual é generalizada e ocorre em níveis que se aproximam ou às vezes até mesmo ultrapassam a atividade heterossexual.

Não há um único motivo relacionado à prática homossexual, sendo esta associada a vários fatores. Entre as funções para a relação homossexual entre os animais estão a criação de filhotes, o reforço da hierarquia, por engano, o estreitamento dos laços entre indivíduos do bando visando a sobrevivência – proteção, etc. As fêmeas de albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis) da ilha de Oahu (Havaí), por exemplo, unem-se em casais que podem durar a vida inteira, especialmente quando há escassez de machos na ilha. Estudos mostram que até um terço dos casais dessa espécie são formados por fêmeas e que essa união proporciona maior sucesso na criação da prole do que das fêmeas que vivem sozinhas.

Os cisnes-negros (Cygnus atratus) são animais monogâmicos e cerca de 25% dos casais são compostos por machos que ficam juntos por anos. Eles unem-se a uma fêmea, formando um trio temporário no intuito de obter os ovos. Assim que a fêmea põe os ovos, os machos a expulsam do ninho e cuidam deles juntos. Há alguns casos em que os casais de machos dessa espécie roubam os ninhos de casais heterossexuais, adotando seus ovos. Os cientistas especulam que os “filhos” de casais homossexuais tem maior chance de sobreviver, pois quando dois machos somam forças, conseguem defender melhor seu território em relação aos casais compostos por macho e fêmea.

Os bonobos (Pan paniscus) tanto machos como fêmeas apresentam comportamento homossexual. Esses primatas são muito ativos sexualmente e usam o sexo para resolver conflitos, pedir desculpas e para obtenção de prazer. Aproximadamente 60% da atividade sexual dessa espécie ocorre entre duas ou mais fêmeas, que atingem o orgasmo com extrema facilidade.

O besouro (Tribolium castaneum) apresenta um comportamento muito interessante. A princípio o comportamento homossexual do macho era visto apenas como uma maneira de eliminar seu esperma velho para que o novo pudesse ser reposto, porém com uma análise aprofundada desse comportamento foi possível observar que esse esperma depositado no aparelho reprodutor do macho ainda ficaria viável por algum tempo, e esse esperma poderia fecundar de forma indireta uma fêmea que viesse a acasalar como o macho que contivesse o esperma do outro.

O paradoxo darwinista é quebrado mediante esses estudos e aos vários exemplos observados na natureza. A homossexualidade entre os animais não interfere negativamente sobre as espécies, uma vez que estes não deixam de gerar descendentes. Além disso, a prática sexual entre indivíduos do mesmo sexo podem ser benéficas na manutenção das espécies, pois estreita os laços entre os indivíduos o que leva ao aumento da proteção do grupo e das chances de sucesso da prole.

Entre os seres humanos, no entanto, a prática homossexual muitas vezes é exclusiva, ou seja, os indivíduos relacionam-se apenas com outros do mesmo sexo. Apesar disso, os pesquisadores que estudam a homossexualidade humana tomam o cuidado de não assumir que os homossexuais nunca se reproduzem, mas que diminuem, em média, sua aptidão direta.

Na tentativa de explicar o paradoxo darwinista quanto à homossexualidade humana, Wilson (1975) sugeriu um possível papel dos homossexuais como ajudantes em suas famílias no sentido de aumentar a aptidão de seus parentes. Para eles, se indivíduos homossexuais ajudam seus familiares na criação de seus filhos, parte de seus genes são transmitidos por parentesco e, assim, equilibra a redução de sua aptidão direta. Entretanto, estudos feitos por Muscarella (2000) e Bobrow e Bailey (2001) mostram que homens homossexuais não atuam como auxiliares e não dão mais recursos financeiros ou emocionais para seus irmãos do que homens heterossexuais. Um estudo feito por Blanchard (1997) mostra um resultado de possível compensação. Seu estudo demonstrou que fêmeas nas linhagens maternas de homossexuais são significativamente mais fecundas comparadas às parentes maternas de heterossexuais. Não houve diferenças significativas, entretanto, entre parentes paternos de homo e heterossexuais (Camperio-Ciani, 2004 apud Blachard, 1997, Bobrow e Bailey, 2001, Muscarella, 2000, Wilson, 1975).

Existem atualmente, duas linhas associadas à homossexualidade masculina que apontam para fatores genéticos. A primeira linha vem de estudos da familiaridade da homossexualidade. Bailey e Zucker (1995) estudando a família de irmãos gêmeos, afirmam que o homossexualismo é mais comum em indivíduos que possuem irmãos homossexuais (Camperio-Ciani, 2004 apud Bailey e Zucker, 1995) (Ver artigo q fala 80%). Hamer e colaboradores mostraram uma elevada taxa de homossexualidade na linhagem materna de homossexuais. Esse dado levou à sugestão de que existem fatores genéticos (X-linked) favoráveis à homossexualidade masculina. Análises do DNA feitas em irmãos homossexuais mostraram um fator “candidato” localizado no gene X-q28, uma região distal do braço curto do cromossomo X (Camperio-Ciani, 2004 apud Hamer et al., 1993; Hamer e Copeland, 1995).

A segunda linha vem de estudos de diferenciação sexual do cérebro durante a vida fetal. O estudo constatou que, nos homens, a orientação homossexual se correlaciona com a ordem de nascimento tardio e um número elevado de irmãos mais velhos (Camperio-Ciani, 2004 apud Blanchard e Klassen, 1996; Blanchard, 1997). A hipótese de que a ordem tardia de nascimento e a razão entre irmãos refletem a progressiva imunização de algumas mães ao antígeno H-Y, apresentado pelo feto do sexo masculino. De acordo com a hipótese, após um número de gestações com fetos do sexo masculino, aumentando o efeito da reação de imunidade materna, haveria redução na diferenciação sexual do cérebro em fetos masculinos seguintes. Blanchard et al. (1997) sugerem que cada irmão mais velho adicional aumenta as chances de homossexualidade masculina no próximo feto em cerca de 35% (Camperio-Ciani, 2004 apud Blanchard, 1997).

Outra hipótese é dada por Werner (1999) que defende que heterossexuais e homossexuais exclusivos são homozigóticos opostos (tipo AA e aa). Essa heterozigose acarretaria maior suscetibilidade à influência ambiental sobre a sexualidade, podendo gerar o desenvolvimento tanto de padrões hetero quanto homo ou bissexuais. Como evidência de sua hipótese, ele compara diferentes formas de expressão da homossexualidade com a cultura em que o indivíduo está inserido, contudo, não há evidências genéticas que a sustem (Menezes e Brito, 2007 apud Werner, 1999).

Através de análise do comportamento sexual de diversas espécies, LeVay (1996) e Judson (2003) defendem que o padrão sexual predominante entre os animais seria a bissexualidade, o que indicaria que a prática sexual não está associada apenas à função reprodutiva (Menezes e Brito, 2007 apud LeVay, 1996 e Judson, 2003). Se o sexo possuir outras funções que não a reprodução, como o prazer, o organismo pode ter evoluído no sentido de ser suscetível a uma ampla variedade de estimulações sexuais – das quais o comportamento homossexual seria apenas uma consequência. Deste modo, nenhum padrão precisa ser, em si, evolutivamente vantajoso para ser selecionado: basta estar associado a um padrão que o seja (Menezes e Brito, 2007 apud Futuyma & Risch, 1984; Morris, 1968; Seaborg, 1984; entre outros).

O homossexualismo é um comportamento extremamente complexo e exige cautela e seriedade em seus estudos. A demonstração do comportamento homossexual em vários animais indica sua naturalidade. Esse comportamento deve ser investigado cientificamente sem restrições ou censuras, como uma manifestação comportamental e, dessa forma conhecer mais profundamente as características que nos tornam humanos. Compreender os papéis dos diversos tipos de relacionamentos entre indivíduos do mesmo sexo e a adaptação ecológica e evolutiva das populações onde esse fenômeno ocorre pode enriquecer o conhecimento de como a seleção natural molda as interações sociais, a reprodução e até mesmo a morfologia das espécies.

 

Referências:

 

CAMPERIO-CIANI, A.; CORNA, F.; CAPILUPPI, C. Evidence for maternally inherited factors favouring male homosexuality and promoting female fecundity. The Royal Society, 2004.

FORASTIERI, V. Orientações sexuais, evolução e genética. Candombá. Revista Virtual, v. 2, n.1, p. 50-60, jan./jun. 2006.

MENEZES, A. B. C.; BRITO, R. C. S. Reflexão sobre a homossexualidade como subproduto da evolução do prazer. Psicologia em estudo. Maringá, n. 1, v. 12, p.133-139, jan./abr. 2007.

SOMMER, V.; VASEY, P. L. Homosexual behavior in animals: an evolutionary perspective. Cambridge University Press, 2006.



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 10:49
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Seminários - Evolução Humana

Evolução humana

Gabriela Marangon

Iuri Silveira Martins

Mariana Micaela

Thais Rosada

 

A evolução humana é de interesse praticamente universal. Esse tema é o ponto central dos ataques criacionistas à evolução, enquanto que para outros é o tema que pode oferecer pistas ao mistério que cerca o “modelo perfeito dos animais” e a compreensão das possibilidades e limitações da “natureza humana”. Mas nós devemos ter consciência  de que ao mesmo tempo em que a biologia evolutiva tem muito a ver com a condição humana, esta também é parte da antropologia e sociologia, da psicologia e da história, e da filosofia, religião, artes. Os seres humanos são complexos demais para serem compreendidos somente pela perspectiva da biologia ou de qualquer outra área isolada do conhecimento (Futuyama et al. 2002).

A espécie humana apresenta uma posição filogenética dentro da Ordem Primata. Nesta, está a Superfamília Hominoidae, que incluem grandes macacos e homens. Os homens modernos, da Família Hominidae diferem das outras espécies de Hominoidae na estrutura da coluna vertebral, pé associado com o bipedalismo, polegar opositor bem desenvolvido, cérebro aumentado.

Humanos e chimpanzés (Família Pongidae) têm sequências idênticas de aminoácidos em várias proteínas; o DNA humano difere somente 1,1% dos pares de bases do genoma dos chimpanzés.

Wilson e Sarich (1969), estudando a distância imunológica do soro do chimpanzé e de humanos, concluiu que essas espécies divergiram há 4 ou 5 milhões de anos.

Os estudos para demonstrar o parentesco entre os Hominoidea incluem sequências de aminoácidos e outras proteínas e sequências nucleotídicas. A partir dessas análises, não consegue se distinguir o parentesco entre o chimpanzé ( Pan), gorila e homem, devido as relações tão próximas desses. Um teste de parcimônia de dados obtidos com enzima de restrição levou Templeton (1983) que o gênero Homo divergiu antes que os gêneros Pan e Gorilla divergissem um do outro. Já Nei e Tijama (1985), criticaram Templeton e concluiram, a partir dos mesmos dados, que Homo e Pan estão mais relacionados.

Durante a evolução dos hominídeos ocorreram algumas classes principais de mudanças, que começaram a ser observadas nos ancestrais primatas:

  • Mudanças nas mãos: o polegar completamente oposto é restrito aos grandes macacos (orangotangos, gorilas, chimpanzés) e humanos.  O dedo polegar humano é mais longo do que no chimpanzé ou gorila. Além disso, é posicionado ligeiramente mais longe dos outros quatro dedos, o que lhe permite opor-se a eles, bem como ter maior rotação.
    Nosso dedo polegar pode ser girado contra os dedos, o que permite pegar objetos de diferentes tamanhos com a mesma eficiência e manipulá-los com maior destreza. Essa alteração anatômica possibilitou uma ampla variedade de funções que os humanos têm e os macacos não.
    O polegar opositor nos dá tanto força para agarrar, quanto precisão para desenvolver movimentos sutis. As atividades executadas pelas mãos humanas são bastante diversificadas e possibilitaram não somente a utilização de ferramentas como a lança e o machado, mas também linha e agulha.
  • Mudanças nos pés: o dedo que nos macacos é oponível, foi sendo perdido na evolução humana à medida que os pés foram evoluindo para o bipedalismo. Caracterizados por possuírem dedão grande e capaz de agarrar galhos, os pés das espécies de macacos atuais são adaptados essencialmente à vida nas árvores. Os pés dos humanos, por sua vez, são adaptados à locomoção bípede e o seu dedão serve como uma plataforma flexível para caminhar e correr.
  • Aumento do cérebro: Os chimpanzés atuais têm cérebros com 350 a 400 cm³, e provavelmente nossos ancestrais tinham cérebros de tamanhos semelhantes. Os cérebros dos humanos têm cerca de 1350cm³.
  • Mudanças nas mandíbulas e dentes: durante a evolução humana, as mandíbulas retraíram-se para trás para a face. Já as mandíbulas dos chimpanzés e nossos ancestrais projetam-se para frente de suas faces. Os nossos dentes também se tornaram menores, especialmente os caninos. Dentes humanos são geralmente menores e menos especializados que os dos macacos.e a perda de caninos distintivos nos Hominídeos às vezes é considerado como um sinal que formas menos competitivas e mais cooperativas de comportamento social emergiram há muito tempo.  Nossas mandíbulas são relativamente pequenas. Esta tendência na diminuição da robustez coincide no registro fóssil ao uso de fogo, e portanto a substituição de uma característica física decorrente da aquisição de técnicas culturais que acabaram por assumir algumas das funções biológicas básicas, como mastigar materiais duros para torna-los digestível.  
  • Bipedalismo: locomoção ereta sobre duas pernas. Essa adaptação se reflete também nas vértebras, no comprimento dos braços e na posição do crânio sobre a coluna cervical. Bipedalismo e postura ereta são duas características co-relacionadas que precederam o advento da espécie humana. Já se manifestavam em alguns de nossos ancestrais mais remotos. O fato de serem bípedes lhes permitiu sobreviver às mudanças climáticas que transformaram as florestas em savanas, há 5 milhões de anos.
    Com a nova postura, as mãos ficaram livres para realização de outras tarefas que levaram ao aparecimento de um modo distintamente humano de vida. Nele se pode destacar a produção de ferramentas, com que o homem e seus ancestrais adquiriram vantagens na adaptação ao meio natural. Publicada no periódico "Proceedings of the Natural Academy of Sciences", em 16 de julho de 2007, uma pesquisa dirigida pelo antropólogo Michael Sockol, da Universidade de Nova York, propõe a teoria de que o ser humano passou a andar em pé porque isso é menos custoso em termos energéticos.
    A conclusão do estudo afirma que o homem - por ser bípede - gasta 25% menos calorias para caminhar do que o chimpanzé, o qual anda com o auxílio dos braços, além das pernas. Talvez se possa considerar esse resultado uma evidência de que a preguiça é parte integrante da personalidade da espécie humana.
  • Mudanças no comportamento social e cultural: a situação cultural de uma sociedade pode ser observada por meio das ferramentas e outros objetos associados aos fósseis. A principal inovação da cultura humana é a linguagem, sendo difícil estudar sua origem.

Registros fósseis

Os fósseis mais antigos atualmente aceitos, de modo geral, como membros da linhagem dos hominídeos têm cerca de 4,4milhões de anos e são classificados em duas espécies, Australopithecus anamensis e A.afarensis (Ridley et al. 2006).

O A.afarensis é bem mais conhecidos pois apresenta o espécime mais completo, chamado de “Lucy”. Uma das características mais notáveis de Lucy foi possuir um joelho virado,além de ter sido encontrada junto vestígios fosseis de pegadas, que indicava que ela normalmente se movimentava por andar ereto. Sua cabeça femural era pequena e seu pescoço femural era curto, sendo ambas características primitivas. Os Australopithecus se aproximaram mais da forma humana quanto ao modo de locomoção do que mandíbulas e cérebros.

Por volta de 2,5 a 2 milhões de anos, na África, surgiram espécies de Paranthropus, que divergiram dos australopitecíneos, com mandíbulas, crânios e molares muito mais fortes e capazes de comer alimentos mais duros. Extinguiram-se sem deixar descendentes.

A primeira espécie Homo é o Homo habilis, que surgiu há aproximadamente 2,5milhões de anos na África. Possui um cérebro maior que melhorou a eficiência nas caçadas, tanto pelo desenvolvimento de ferramentas, quanto pela melhoria na capacidade de comunicação. Seu dimorfismo sexual era semelhante ao dos humanos atuais, sendo os machos cerca de 1,20 vez maiores do que as fêmeas, em média.

O Homo erectus foi o primeiro hominídeo que saiu da África, há cerca de 1,5 milhão de anos. Foram encontrados fósseis no leste da Ásia e sul da Europa. Tinha aproximadamente 1,70 metros de altura e pesava cerca de 60kg.  Possuía cérebro do tamanho da metade do nosso, tendo domínio do fogo.

Os paleontropólogos se referem aos seres humanos atualmente existentes- Homo sapiens- como “humanos anatomicamente modernos” (Ridley, et al. 2006). Entre as principais características está o aumento do tamanho da caixa craniana, além da diminuição da robustez do esqueleto e dentes. Quanto ao aspecto comportamental, houve o desenvolvimento de ferramentas mais apuradas, melhor eficiência nas coletas e procura de alimentos, organização social mais complexa e o desenvolvimento de idiomas.

Expansão do homem moderno

Atualmente é aceito que os primeiros hominídeos evoluíram da África. As questões difíceis, contudo, dizem respeito aos fenômenos que ocorreram durante o qual a evolução do homem moderno teve lugar.

De acordo com a hipótese Multirregional, com base nos registros fósseis, os ancestrais do homem moderno realizaram as primeiras migrações a partir da África, que duraram milhões de anos. Estas migrações permitiram a formação de diferentes populações de Homo erectus que evoluíram separadamente para as recentes raças humanas.

Já a segunda hipótese , a  de Origem Única,  diz que um pequeno grupo de humanos modernos teriam colonizado a Terra a partir de um único lugar. A evidência genética tende a favor dessa hipótese. A partir da análise de DNA mitocondrial de pessoas ao redor do mundo, mostrou evidência sobre um ancestral comum aos humanos atuais. Além disso, extraiu-se DNA de fósseis de Neandertal, observando que sua sequência era diferente das dos humanos atuais. Pela hipótese regional, esse DNA deveria caber na filogenia humana, mas na verdade isso não ocorre, sugerindo que do Neandertais não contribuíram geneticamente para populações atuais.

Evolução cultural

A evolução cultural consiste de mudanças no comportamento fundamentadas no aprendizado e não em alterações de freqüências gênicas. Ela pode ser tanto vertical (transmissão dos mais velhos para os mais jovens) como horizontal (por imitação de práticas entre irmãos e entre companheiros do mesmo grupo) (Futuyama, et al.2002).

As inovações culturas também sofrem processos seletivos, no sentido em que algumas práticas se tornem parte da cultura ou não, sendo fixadas devido à uma utilidade.

Segundo Futuyama (2002), a evolução cultural é larmarckiana: o comportamento, a língua e as peculiaridades de um individuo adquire durante a sua vida, são transmitidos para seus descendentes ou para outros indivíduos. Consequentemente, a mudança cultural pode ocorrer muito mais rapidamente do que a evolução biológica e mudanças súbitas podem ocorrer numa única geração.

Muitos autores têm especulado sobre quais as forças da seleção natural levaram às características marcantes dos humanos. Muitas características humanas, por exemplo, aparecem neotênicas (capacidade de retenção, na idade adulta, de características típicas da sua forma jovem ou larval). Neotenia pode ser conseqüência da lentidão do processo de maturação dos humanos. Tal demora, segundo Futuyama (2002), pode ser conseqüência da seleção para o grande aprendizado (inteligência), que é, nossa característica mais importante.

Com o aumento da capacidade para a cultura, os seres humanos foram moldando para si próprios um meio social cada vez mais complexo e variável. As pressões culturais foram responsáveis pela aquisição de novas características, como o aumento do pênis, sendo uma conseqüência da seleção sexual. Outra aquisição foi a receptividade sexual contínua da fêmea, talvez sendo uma adaptação para manter a união do casal. Entretanto, existem pouquíssimas evidencias de tais hipóteses, sendo difícil testa-las.

Algumas dúvidas surgem a respeito de como a inteligência evoluiu a um grau tão extraordinário. Segundo Futuyama (2002), a inteligência e selecionada positivamente (quanto mais freqüente essa característica, mais vantajosa ela é). Tem sido sugerido que a inteligência pode ter evoluído através das competições e agressões entre os hominídeos primitivos, que necessitavam de habilidades mentais cada vez maiores. Porém, não há evidências a respeito. Em outra hipótise, a inteligência pode ter evoluído em ambientes pacíficos, onde havia uma desvantagem em indivíduos menos inteligentes, seja na sua sobrevivência ou reprodução.  

Homo sapiens é uma espécie cosmopolita. Não existem barreiras biológicas de isolamento entre as populações humanas, embora os acasalamentos geralmente ocorram a partir das barreiras culturais criadas.

Os estudos de variação genética que a humanidade divergiu muito recentemente na historia. Existem diferenças muito pequenas entre as “raças”, além das morfológicas facilmente reconhecidas. E, não há razão para distinguir as “raças” em grau de habilidades mentais.

Nei e Roychoudhury construíram um fenograma que mostra o grau de similaridade entre as populações humanas. Considerando as freqüências gênicas, de uma maneira geral, a similaridade genética das populações está relacionada com a proximidade geográfica, que é esperado quando há fluxo gênico.

As condições culturais das sociedades humanas têm influenciado e continuam influenciando nossa evolução biológica. A partir daí, surgem questões, como: nosso comportamento pode ser limitado pelos genes?

Devido a nossa capacidade sem paralelo para a aprendizagem e para o pensamento e à história exclusiva da experiência pessoal de cada um, cada ser humano experimenta um ambiente diferente e a variação no nosso comportamento é, correspondentemente, diversa.

Nosso comportamento é geneticamente determinado no sentido comum, porém também é verdade que nosso comportamento é uma consequência do ambiente.

Argumentar que nosso comportamento, como uma espécie, é geneticamente determinado, significa simplesmente dizer que ele tem limites- que a norma de reação é tão limitada pelos nossos genes de tal forma que o quer que seja, se desenvolva independentemente das condições ambientais.

Conclusão

Evidências anatomicas, macromoleculares e cromossômicas indicam que os humanos são mais intimamente relacionados com os macacos do Velho Mundo, tendo divergido de um ancestral comum provavelmente há4-8 milhões de anos.

Os registros fósseis indicam que os hominídeos surgiram na África, que a evolução do bipedalismo precedeu as mudanças importantes nas mãos e no crânio e que a capacidade craniana aumentou uniformemente.

A variabilidade genética dentro e entre populações humanas é muito semelhante à de outras espécies com ampla distribuição geográfica.

É muito discutível se a biologia evolutiva é importante ou não para compreender o comportamento humano. Embora muitas características comportamentais humanas possam ser observadas em uma forma rudimentar em outros primatas, o fator dominante na evolução humana recente tem sido a evolução de enorme flexibilidade do comportamento e a capacidade de aprender e transmitir cultura.

Existem pouquíssimas evidências inequívocas de que grande parte da variação nas qualidades comportamentais humanas tenha uma base genética e nenhuma evidência de que as características comportamentais sejam limitadas geneticamente de modo significativo.

Referências:

  • Mark Ridley, Evolução, Blackwell, 3a edição (2003) 
  • Douglas J. Futuyma, Biologia Evolutiva, Sinauer Associates, 3a edição (1998)
  • <http://www.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev3.htm#fala> Acessado em 17 de novembro de 2011

 

 

 

 

 

 

 



publicado por Sérvio Pontes Ribeiro às 10:45
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